SÓ GOZO COM QUEM DÁ

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Fala Nordestina prá abestalhar gente

É ASSIM QUE A GENTE FALA – ISMAEL GAIÃO DA COSTA


Ismael Gaião da Costa


Há diferenciação
Porque cada região
Tem seu jeito de falar
O Nordeste é excelente
Tem um jeito diferente
Que a outro não se iguala
Alguém chato é Abusado
Se quebrou, Tá Enguiçado
É assim que a gente fala


Uma ferida é Pereba
Homem alto é Galalau
Ou então é Varapau
E coisa ruim é Peba
Cisco no olho é Argueiro
O sovina é Pirangueiro

Enguiçar é Dar o Prego
Fofoca aqui é Fuxico
Desistir, Pedir Penico
Lugar longe é Caxaprego
Ladainha é Lengalenga
E um estouro é Pipoco
Qualquer botão é Pitoco
E confusão é Arenga

Fantasma é Alma Penada
Uma conversa fiada
Por aqui é Leriado
Palavrão é Nome Feio
Agonia é Aperreio
E metido é Amostrado
O nosso palavreado
Não se pode ignorar
Pois ele é peculiar
É bonito, é Arretado
E é nosso dialeto
Sendo assim, está correto

Dizer que esperma é Gala
É feio pra muita gente
Mas não é incoerente
É assim que a gente fala


Você pode estranhar
Mas ele não tem defeito
Aqui bala é Confeito
Rir de alguém é Mangar

Mexer em algo é Bulir
Paquerar é Se Inxirir
E correr é Dar Carreira
Qualquer coisa torta é Troncha
Marca de pancada é Roncha
E a caxumba é Papeira

Longe é o Fim do Mundo
E garganta aqui é Goela
Veja que a língua é bela
E nessa língua eu vou fundo
Tentar muito é Pelejar
Apertar é Acochar

Homem rico é Estribado
Se for muito parecido
Diz-se Cagado e Cuspido
E uma fofoca é Babado
Desconfiado é Cabreiro
Travessura é Presepada
Uma cuspida é Goipada
Frente de casa é Terreiro


Dar volta é Arrudiar
Confessar, Desembuchar
Quem trai alguém, Apunhala
Distraído é Aluado
Quem está mal, Tá Lascado
É assim que a gente fala


Aqui valer é Vogar
E quem não paga é Xexeiro
Quem dá furo é Fuleiro
E parir é Descansar
Um rastro é Pisunhada
A buchuda é Amojada
E pão-duro é Amarrado


Verme no bucho é Lombriga
Com raiva Tá Com a Bixiga
E com medo é Acuado
Tocar em algo é Triscar
O último é Derradeiro
E para trocar dinheiro
Nós falamos Destrocar


Tudo que é bom é Massa
O Policial é Praça
Pessoa esperta é Danada
Vitamina dá Sustança
A barriga aqui é Pança
E porrada é Cipoada


Alguém sortudo é Cagado
Capotagem é Cangapé
O mendigo é Esmolé
Quem tem pressa é Avexado
A sandália é Percata
Uma correia, Arriata
Sem ter filho é Gala Rala
O cascudo é Cocorote
E o folgado é Folote
É assim que a gente fala


Perdeu a cor é Bufento
Se alguém dá liberdade
Pra entrar na intimidade
Dizemos Dar Cabimento
Varrer aqui é Barrer
Se a calcinha aparecer
Mostra a Polpa da Bunda
Mulher feia é Canhão
Neco é pra negação
Nas costas, é na Cacunda


Palhaçada é Marmota
Tá doido é Tá Variando
Mas a gente conversando
Fala assim e nem nota
Cabra chato é Cabuloso
Insistente é Pegajoso
Remédio aqui é Meisinha
Chateado é Emburrado
E quando tá Invocado
Dizemos Tá Com a Murrinha


Não concordo, é Pois Sim
Tô às ordens é Pois Não
Beco ao lado é Oitão
A corrente é Trancilim
Ou Volta, sem o pingente
Uma surpresa é, Oxente!
Quem abre o olho Arregala
Vou Chegando, é pra sair
Torcer o pé, Desmintir
É assim que a gente fala


A cachaça é Meropéia
Tá triste é Acabrunhado
O bobo é Apombalhado
Sem qualidade é Borréia
A árvore é Pé de Pau
Caprichar é Dar o Grau
Mercado é Venda ou Bodega
Quem olha tá Espiando
Ou então, Tá Curiando
E quem namora Chumbrega


Coceira na pele é Xanha
E molho de carne é Graxa
Uma pelada é um Racha
Onde se perde ou se ganha
Defecar se chama Obrar
Ou simplesmente Cagar
Sem juízo é Abilolado
Ou tem o Miolo Mole
Sanfona também é Fole
E com raiva é Infezado


Estilingue é Baladeira
Uma prostituta é Quenga
Cabra medroso é Molenga
Um baba ovo é Chaleira
Opinar é Dar Pitaco
Axilas é Suvaco
E cabra ruim é Mala
Atrás da nuca é Cangote
Adolescente é Frangote
É assim que a gente fala


Lugar longe aqui é Brenha
Conversa besta, Arisia
Venha, ande, é Avia
Fofoca é também Resenha
O dado aqui é Bozó
Um grande amor é Xodó
Demorar muito é Custar
De pernas tortas é Zambeta
Morre, Bate a Caçuleta
Ficar cheirando é Fungar


A clavícula aqui é Pá
Um mal-estar é Gastura
Um vento bom é Frescura
Ali, se diz, Acolá
Um sujeito inteligente
Muito feio ou valente
É o Cão Chupando Manga
Um companheiro é Pareia
Depende é Aí Vareia
Tic nervoso é Munganga


Colar prova é Filar
Brigar é Sair no Braço
Nosso lombo é Ispinhaço
Faltar aula é Gazear
Quem fala alto ou grita
Pra gente aqui é Gasguita
Quem faz pacote, Embala
Enrugado é Ingilhado
Com dor no corpo, Ingembrado
É assim que a gente fala


Um afago é Alisado
Um monte de gente é Ruma
Pra perguntar como, é Cuma
E bicho gordo é Cevado
A calça curta é Coronha
Um cabra leso é Pamonha
E manha aqui é Pantim
Coisa velha é Cacareco
O copo aqui é Caneco
E coisa pouca é Tiquim


Mulher desqualificada
Chamamos de Lambisgóia
Tudo que sobra, é Bóia
E muita gente é Cambada
O nariz aqui é Venta
A polenta é Quarenta
Mandar correr é Acunha
Ter um azar é Quizila
A bola de gude é Bila
Sofrer de amor, Roer Unha


Aprendi desde pivete
Que homem franzino é Xôxo
Quem é medroso é um Frouxo
E comprimido é Cachete
Sujeira em olho é Remela
Quem não tem dente é Banguela
Quem fala muito e não cala
Aqui se chama Matraca
Cheiro de suor, Inhaca
É assim que a gente fala


Pra dizer ponto final
A gente só diz: E Priu
Pra chamar é Dando Siu
Sem falar, Fica de Mal
Separar é Apartá
Desviar é Ataiá
E pra desmentir é Nego
Quem está desnorteado
Aqui se diz Ariado
E complicado é Nó Cego
Coisa fácil é Fichinha
Dose de cana é Lapada
Empurrão é Dá Peitada
E o banheiro é Casinha


Tudo pequeno é Cotoco
Vigi! Quer dizer, por pouco
Desde o tempo da senzala
Nessa terra nordestina
Seu menino, essa menina!
É assim que a gente fala

O nome do cordelista é Ismael Gaião da Costa, nasceu em Recife-PE.
Engenheiro Agrônomo, Funcionário Público Federal, lotado na UFRPE – Estação Experimental de Cana-de-açúcar de Carpina.
Publicou 20 (vinte) “Cordéis” e diversas poesias (sonetos, matutas, sociais).
É filiado à UNICORDEL – União dos Cordelistas de Pernambuco, na qual integra a equipe de Declamadores.
Assina a Coluna COLCHA DE RETALHOS, no JORNAL DA BESTA FUBANA – uma gazeta da bixiga lixa (Blog), Condado-PE, em 07 de maio de l961. Reside no (www.luizberto.com), publicando poesias, prosas e contos, diariamente.
Ganhador da 4ª RECITATA – 2009(concurso de poesia declamada) da Fundação de Cultura da Cidade do Recife, com nota 10 (dez) no Júri Popular, declamando a poesia MENINO DE RUA.
Ele tem um blog no seguinte endereço: http://recantodasletras.uol.com.br/autor.php?id=50436
E o endereço para o cordel é: http://recantodasletras.uol.com.br/cordel/1496943

Nota do Blog: Colado do blog de Casciano Vidal. Quê legal!

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

ANGÉLICA


ANGÉLICA

Angélica - o mimo do jardim,
O símbolo mais perfeito da inocência,
Faz sempre renascer dentro de mim
As saudades da meiga adolescência.

Enamoro-me dela irreverente,
Chegando ao ponto de sentir ciúme
E quando alguém contempla a flor pendente,
Temo que furte o seu subtil perfume.

Colhi-a, certa vez; porém murchou,
Enegrecida dos beijos que lhe dei,
Reconheci o que de fato sou,
O muito que no mundo já pequei.

Por uma inspiração talvez divina,
Levei à Igreja a flor emurchecida
A Angélica tão frágil e pequenina,
Aos pés do santo recobrou a vida.

Escrito por Leandro Pimenta Lyra
em outubro de 1945.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

RAÍZES


ANIVERSÁRIO DE D. ADÉLIA

Trecho escrito e lido por Ildelita Xavier no
aniversário de noventa anos de Dona Adélia
em 01 de janeiro de 2010.




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No seu tempo e no nosso, D. Adélia
Em Martins tudo se comemorava
O que acontecia na cidade
O povo alegre participava

As festas da padroeira eram lindas
Os anjos abriam o cortejo da procissão
Depois, as associadas do C J e as filhas de Maria
Encerrando a festa da Virgem da Conceição


Tinha pastoril, lapinha e folguedos
Entrega de ramos em frente a Matriz e balão
Banda de música no Coreto da praça
Alvorada, salva, barracas e leilão


As barracas dividiam a cidade
Para ganhar se trabalhava de montão
Marinha e Aeronáutica era num ano
No outro, Azul e Encarnado era o cordão


A parte profana era comemorada
Com bailes e matineés com grande animação
No dia 06 de janeiro duas festas haviam
Uma no C L E M, e outra no Barracão


As novenas do mes de maio
Para Nossa Senhora, toda devoção
No dia 31, com anjos e pétalas de rosas
Era a linda festa da coroação


O Carnaval era uma festa deslumbrante
Todos fantasiados de palhaços, pierrot e colombina
Tinha matineé e corso pela cidade
Na mochila, confete, cloretil e serpentina


Hoje aqui em Martins é tudo muito diferente
Só tem música baiana de Olodum
Do tempo da nossa maravilhosa infância/juventude
Só existe a tradição do Papangu


Dr. Pelópidas de sua casa em frente a praça
Ligava o gramofone, a música do lugar
Para alegrar a reunião da moçada
Que após a missa, ia prá praça passear


O São João era outra linda festa
Fogueiras, milho assado,casamento matuto, advinhação
Tinha desfile de carroças pela cidade
À noite forró e quadrilha no Barracão


A Banda de música de Martins
Seu João Inocêncio por anos comandou
Tocando "Saudades da minha terra", e depois
Seu Nair, Janjão, Luiz o seu lugar ocupou


Aquela praça simples, linda e acolhedora
Que fazia parte de nossa história
Alguém que não era martinense, sem coração tratou de destruir
Do coreto, hoje só temos a memória


Em 90 anos de história, muita coisa aconteceu
A Martins fria e pacata foi aos poucos mudando
Hoje, é hotéis, pousadas, bares, turismo
É o progresso, porém com seus males chegando


Como em qualquer outro lugar
Quer seja na cidade ou no sertão
Aqui também predomina a insegurança
Gerando nas pessoas o medo e a tensão


Hoje vivemos trancados dentro das casas
Atrás das grades onde deveria estar o ladrão
Diferente de nossa Martins de antigamente
Que nem para dormir, precisava fechar o portão


O ar puro e o clima ameno está desaparecendo
Aqui, onde até os tízicos no passado vinham se curar
Devido ao desmatamento e as mudanças climáticas
A poluição e até calor temos que suportar


E assim vamos levando nossas vidas
Até quando permitir o Criador
Sem nunca esquecer nossas raízes
Para vós Martins querida, todo o nosso amor!

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

MEMORIAL MANOEL LINO DE PAIVA

Em comemoração ao
DIA MUNDIAL DA PAZ




Será será realizado hoje às 19 horas

IV SHOW PIROTÉCNICO
 DO
 MEMORIAL MANOEL LINO DE PAIVA