SÓ GOZO COM QUEM DÁ

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

DESVIRTUDES

François Silvestre
Todos nós carregamos a negação das virtudes. E sempre vemos nos outros os defeitos que possuímos e rejeitamos. É da nossa natureza. Virtude é uma ilusão, no campo do caráter humano, tanto quanto a imortalidade. Uma engana o corpo. Outra ilude a alma.

Há pessoas cuja posse da desvirtude é tão clara que não ilude nem o espelho. E distribuem o líquido crotálico pelas praças e ruas com a mesma naturalidade de assoar o nariz.

Há desvirtudes mortais ou veniais. A vaidade, a arrogância e a soberba são defeitos menores. Não deformam o caráter. Mas há desvirtudes que infelicitam o portador ao ponto de fazê-lo carregar um cacimbão de amargura sobre os ombros do fígado. A inveja é o principal desses atributos.

O invejoso nutre pelos invejados uma relação conflituosa que vai da fronteira do ódio à ribanceira da admiração.

Nem a inveja escapa da dialética. Assim tal qual o colesterol, também a inveja pode ser boa ou má. A inveja de quem gostaria de produzir algo que foi feito por outrem, sem negar o valor da criação, nem odiar o criador, é um sentimento benéfico.

Quando Caetano Veloso canta e divulga uma canção de Peninha, declarando que gostaria de ter composto aquela melodia, exercita uma inveja saudável. Quando Jarbas Martins declara publicamente sentir inveja de alguns textos e qualidades de outros poetas, apenas demonstra não ter inveja no sentido mórbido. São alterações de sentido que fogem da semântica para o estuário do temperamento individual.

Quem declara invejar por respeito ou admiração não é invejoso. É platéia que aplaude.

Quem nega invejar e fala mal, adjetivando, sem fundamentar substantivamente é o típico portador da inveja mórbida.

Talvez a inveja tenha sido ao longo da criação artística na literatura universal a desvirtude mais presente nos grandes personagens. Em Shakespeare ela é tão presente quanto a morte. Em Molière nem se fala. E aí, por aonde andar o leitor, nas estradas das escritas, vai sempre ter uma estalagem de inveja para hospedar o interesse na leitura.

Até porque a literatura não foge muito da face da notícia. E ninguém compra jornais para ler a normalidade da vida. O que mais vende jornal é a desgraça. Seja coletiva ou individual.

É de bom alvitre informar ou repetir que a inveja também pode ser coletiva. Um conjunto que não suporta o sucesso de outro aglomerado. Uma comunidade que sofre com o êxito de outro grupo.

Uma socialite disse certa vez uma verdade estarrecedora: “Amigo não é só quem ampara na desgraça, mas quem suporta o sucesso do outro”. Essa frase me leva a Mário Moacir Porto: “Há questões que dispensam as razões abonadoras de sua origem”.

Dito isso, só posso declarar que a citação da granfina vale por todo este texto. Té mais.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

PEC DO TRABALHO ESCRAVO

Entidades pressionam pela aprovação da PEC do Trabalho Escravo

Parlamentares e entidades começaram uma mobilização em todo o país pela aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do Trabalho Escravo que está parada no Congresso Nacional desde 2004. Nesta sexta (28), quando se comemora o Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo, serão colhidas mais assinaturas para o abaixo assinado exigindo a aprovação da matéria. O manifesto já tem a adesão de 160 mil pessoas.

Como parte da programação da Semana Nacional de Combate ao Trabalho Escravo, a Frente Parlamentar Mista e a Frente Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo vão avaliar o problema numa reunião na próxima quinta (3), em Brasília.

A PEC, que prevê a possibilidade do confisco da propriedade rural em que ficar comprovada a exploração de trabalho escravo, foi aprovada no Senado e encaminhada à Câmara dos Deputados no final de 2001. Naquela Casa, a proposta foi aprovada em primeiro turno em 2004 e ainda não foi examinada em segundo turno.

A proposta foi apresentada pelo então senador Ademir Andrade (PSB-PA) e inclui no art. 243 da Constituição a exploração de trabalho escravo como uma das possibilidades para a expropriação de terras destinadas à reforma agrária. A Constituição já prevê essa medida para áreas em que forem localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas, com assentamento prioritário aos colonos que já trabalhavam na área.

Pela proposta, o proprietário da área em que for encontrado cultivo de plantas psicotrópicas ou exploração de trabalho escravo não receberá qualquer indenização e poderá, ainda, receber outras sanções previstas em lei.

Na Câmara, a proposta recebeu uma emenda para estender o confisco às propriedades urbanas em que for comprovada a existência de exploração de trabalho escravo. Tais propriedades, pela emenda, serão destinadas a projetos sociais.

De Brasília com informações da Agência Senado

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

MANGANDO DOS BESTAS

Amigos de ontem, inimigos de hoje: as voltas que a política dá no RN

Por Sávio Hackradt

É engraçado ler nos jornais veementes declarações do senador José Agripino (DEM) condenando as administrações da ex-governadora Wilma de Faria (PSB) e do ex-governador Iberê Ferreira de Sousa (PSB) e pedindo que se apurem possíveis irregularidades cometidas pelos dois como gestores públicos.

Digo engraçado porque, se a gente recuar no tempo, indo até 1985, no período da primeira campanha eleitoral direta pós-ditadura (para prefeitos de capitais), vai lembrar que o então governador do Rio Grande do Norte, José Agripino, foi protagonista de um dos maiores escândalos do Estado: o Rabo de Palha.

O escândalo Rabo de Palha foi uma tentativa de fraudar a eleição para prefeito de Natal, em 1985. O mais curioso? Os personagens principais, além do então governador José Agripino, foram grandes aliados seus à época, exatamente Iberê Ferreira de Sousa e Wilma de Faria, sua então candidata a prefeita de Natal.

Como governador do Rio Grande do Norte, JA convocou 120 prefeitos do interior com a clara intenção de tentar fraudar a eleição em Natal em benefício de Wilma. Como a eleição prometia ser muito difícil, o plano era para que os prefeitos se envolvessem – e comandassem pessoalmente – em uma grande mobilização política destinada a comprar o eleitor mais pobre, distribuindo “feirinhas, enxovaizinhos, telhas, cimento, milho (dinheiro)...”, com isso garantindo fôlego para derrotar o candidato do PMDB, Garibaldi Alves Filho, o opositor de Wilma, então Maia, já que na época era casada com Lavoisier Maia, ex-governador e primo de José Agripino.

O azar do grupo foi que a reunião foi gravada, vazou e se tornou uma grande escândalo nacional. E estavam lá as vozes de Agripino e Iberê, em especial, falando como os prefeitos deveriam agir para fraudar a eleição, distribuindo “milho (dinheiro), feirinhas, enxovaizinhos...”. Ou seja, comprando o voto e praticando uma ação ilegal e não permitida a um gestor público.

Com a denúncia, a poucos dias da eleição, o plano desceu pelo ralo do fracasso, e Garibaldi Filho ganhou a eleição para prefeito de Natal.

Mais curiosidades, muito particulares e comuns por estes terras potiguares? Garibaldi Filho, que por pouco não perdeu a eleição que seria fraudada para beneficiar Wilma, hoje é aliado de José Agripino, mentor e fiador do Rabo de Palha. E Wilma, aliada de então ao ponto de merecer ser beneficiária de um arriscado plano de fraude eleitoral, assim como Iberê, seu então poderoso secretário de governo, hoje são adversários de Agripino e dele sofrem contundentes ataques pela mídia.

É o Rio Grande do Norte velho de guerra. Tudo muito natural aqui pela bandas do Potengi. Reunida nos alpendres das casas de veraneio, tem muita gente dando risadas enormes sobre as histórias da política potiguar e mangando dos bestas (para eles a sociedade).

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

2012? PROFECIA MAIA?

Minha Pátria está nos morros que desabam, no dólar que empobrece, na multinacional que enriquece, mas não o povo brasileiro? Minha Pátria tem palmeiras onde canta o sabiá, tem poetas que saúdam a alvorada e resistem ao Deus dará? Minha Pátria, até quando?

Helio Fernandes

As cidades serranas (Teresópolis, Friburgo, Petrópolis) enterradas na lama, dominadas pelo pavor que não termina, pela angústia de não saber quando voltará a normalidade, se é que se pode utilizar alguma vez essa palavra.

Estão naturalmente desesperadas, desamparadas, despreparadas pelo que tem que ser repetido sempre como tragédia ou catástrofe. Além de tudo que perderam, que não irão recuperar jamais, estão incomunicáveis pela irresponsabilidade dos homens e pela decisão não antecipada mas irrecorrível da natureza.

Não gostaria de escrever mais nada sobre esse fato, é uma tristeza e um lamento, preferiria ficar no silêncio e na solidão dessas milhares de famílias. Os que perderam parentes de todos os graus, dos que se salvaram apenas numericamente, mas não esquecerão um detalhe que seja, por mais longa que seja a vida.

Essas famílias dizimadas pela violência da natureza (provocada, e por causa disso destruída) se sentem confusas e atordoadas, uma multidão sem rosto, onde cada qual chora a própria dor, procura salvar não apenas o que sobrou do trabalho e da acumulação de dezenas e dezenas de anos, mas também o que restou dos seus sonhos, da sua vida, do seu futuro.

Como tenho que escrever mesmo, faço isso diariamente antes de atingir a maioridade, prefiro transferir a tragédia de algumas cidades para o que acontece há mais de 500 anos com a minha Pátria amada, salve, salve. Se tivéssemos trilhado outros caminhos, quem sabe começando com Tiradentes, poderia chover incessantemente mas não tão lamentavelmente?

Não são habitantes de cidades abandonadas, desprezadas, desvalorizadas do ponto de vista humano, exploradas por transações e mais transações, que foram se multiplicando perigosamente com a ausência total dos governantes.

Fora dessas cidades, somos dezenas e dezenas de milhões de pessoas, enganadas e empobrecidas de todas as formas. Desde a independência que não houve, a república usurpada, as riquezas transferidas miseravelmente para o exterior, cada vez com um nome diferente.

Minha Pátria tem palmeiras onde canta o sabiá. Cantavam quando éramos roubados pelos trustes, depois mudavam para multinacionais, agora são grupos neoliberais. O sabiá não para de cantar, é a sua vida. Minha Pátria não para de sofrer, é a nossa História. Seremos libertados ou nos libertaremos algum dia?

Temos os minérios mais raros e mais caros do mundo, que nos empobrecem e enriquecem poderosas empresas lá de fora. Somos os maiores produtores de grãos do mundo, mas como nos transformamos em grandes exportadores, arranjaram uma fórmula de empobrecer cada vez mais o dólar.

Assim, exportamos a preços miseráveis, passamos a ser importadores, criamos empregos em locais onde jamais estivemos. Cada vez irresponsavelmente, “fabricamos a nossa própria desgraça”.

Choramos pelo que aconteceu na serra, o que faremos nas cidades urbanas, onde não há perigo de enxurrada? Essa “enxurrada” já aconteceu com o nosso empobrecimento crônico. Com o enriquecimento de empresários transnacionais e bastardos, que são protegidos com a irresponsabilidade dos que se apossaram da minha, da nossa Pátria amada.

Em 1966 houve a primeira tragédia, aqui mesmo no centro do Rio, atingindo a própria Zona Sul (a Lagoa), poucos meses depois da posse de Negrão de Lima, que morava nessa Lagoa, em frente ao Clube Naval (Piraquê), mas não soube de nada, até que as ruas principais fossem completamente soterradas, mansões desaparecessem.

(Nesse 1966, há 44 anos, fui cassado, preso mais uma vez, proibido de escrever ou dirigir jornal e revista. Escrevi então artigo violentíssimo, (já havia o regime discricionário e autoritário), a censura à Tribuna da Imprensa só começaria, v-i-o-l-e-n-t-í-s-s-i-m-a, a partir de 1968).

***
PS – Como no título destas notas reverencio os poetas de sempre, espero que alguém responda até quando a minha, a nossa Pátria resistirá? Já perdemos mais de 500 anos, continuaremos ainda tratados desprezivelmente por outros 500 ou até mais do que isso?

PS2 – A história dos povos e das nações não se escreve com a covardia dos que se entregam e sim com a bravura, o desprendimento e a intrepidez dos que resistem.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

PERGUNTA

François Silvestre


Alguém se lembra de Chardin?

Agora em janeiro faz quarenta anos da terceira edição em português d’O Fenômeno Humano, de Teilhard de Chardin, uma das mais instigantes e belas obras do pensamento humano, no que se refere às dúvidas e angústias da formação do Universo e do homem nele contido.

Chardin era padre, mas antes disso era biólogo, paleontólogo, filósofo e humanista. Sua observação do Mundo sobre a evolução da vida provocou a ira da cúria romana e do pensamento conservador do cristianismo. Chardin nunca questionou a existência de Deus. O que ele demonstrou foi a inconsistência da criação divina pelos métodos bíblicos.

“Deslocar um objeto para trás no passado equivale a reduzi-lo aos seus mais simples elementos. Seguidas tão longe quanto possível na direção das suas origens, as últimas fibras do composto humano vão confundir-se aos nossos olhos com o próprio estofo do Universo”.

Não é só a citação que chama o atento para a simplicidade profunda da reflexão. Nota-se que Chardin sempre coloca a palavra “Universo” com letra inicial maiúscula. E não é por regra ou sugestão gramatical. Simplesmente ele confunde propositadamente o Universo com Deus. E aí acaba dando ao sentido divino uma conotação de impessoalidade. Conceituação que irritou profundamente os teólogos e a cúria.

“A história e o lugar da Consciência no Mundo permanecem incompreensíveis para quem não tenha visto, previamente, que o Cosmo em que o Homem se encontra implicado, constitui, pela integridade inatacável do seu conjunto, um Sistema, um Totum e um Quantum: Um Sistema pela sua Multiplicidade, - um Totum pela sua Unidade, - um Quantum pela sua energia. Todos três, aliás, no interior de um contorno ilimitado”.

Daí você percebe as maiúsculas que se igualam ao conjunto da “criação divina” não pessoal, mas universal. Sistema, Totum e Quantum. Para os teólogos tradicionais do catolicismo era a tentativa de substituição da santíssima trindade.

Chardin foi perseguido e exilado. Sua obra proibida pela igreja católica. No papado humanístico de João XXIII ele teve sua inclusão canônica restaurada. Reconhecido como filósofo e pensador e não mais como herege. Roncalli foi o papa mais próximo do Homem. E se Deus existe, foi o único papa escolhido por Deus, nos tempos modernos.

Nos tempos do rincho, a filosofia perdeu morada. Despejada pelo mercantilismo mais imediato e estomacal. O que vale é a esperteza, a mentira, o engodo.

As igrejas vendendo lotes no céu aos bobos para edificar na terra o céu de pastores e clérigos. A salvação é a grana. O paraíso perdido é uma conta bancária vazia.

Não há limites para a esperteza. E quem não se aliar aos novos tempos ingressa no bloco dos bestas.

“Lasciate ogni esperanza, voi ch’entrate”. Té mais.

NOTA DO BLOG: Eu não, mas presencio a enganação.

TODO ANO

VAI SER SEMPRE ASSIM

domingo, 9 de janeiro de 2011

ANO NOVO

Resoluções de Ano Novo


Carlos Chagas

Senão desde os tempos de Ramsés II, pelo menos depois que o planeta adotou o calendário gregoriano, ficou estabelecida a obrigação de a Humanidade inteira dedicar-se às resoluções de Ano Novo, sempre que ele está começando. Tudo o que deixamos de fazer nos doze meses que passaram vira proposta para os que virão. Exemplos:

�Fazer exercícios diários, para os sedentários. Fumar menos, para os tabagistas inveterados. Beber pouco, para os apreciadores da birita. Comer moderadamente, para os gulosos, de preferência frutas, legumes e verduras.

�Trabalhar mais, com empenho e competência, será um propósito universal. Outro, de não desperdiçar tanto tempo diante das telinhas e dos telões, aproveitando para botar a boa leitura em dia.

�Dar mais atenção à família, evitar paradas no botequim na hora de ir para casa. Ser mais carinhoso e interessado nos filhos, além de mostrar boa vontade e compreensão para com os idosos. Respeitar os subordinados, evitar gestos de subserviência diante dos chefes.

�Dirigir com cuidado, de acordo com as regras de trânsito, abandonando a vaidade de gastar as economias trocando de carro todo ano. Aprimorar o conhecimento frequentando cursos e aprendendo outras línguas, assim como cultivar a sabedoria através da análise antecipada das reações de cada gesto ou opinião.

�Procurar entender as razões daqueles que contrariam nosso modo de pensar e de agir. Jamais imaginar num único livro, doutrina, partido ou ideologia a resposta para todas as perguntas. Indagar sempre o que faríamos se investidos nas funções daqueles que criticamos.�

�Falar pouco, ouvir muito e meditar mais ainda, em especial quando se trata de responder a perguntas irrespondíveis, como de onde viemos e para onde vamos. Levantar a cabeça e olhar o céu, sempre que possível, sabendo da impossibilidade de decifrar o infinito, mas buscando absorvê-lo.

�Cultivar o senso grave da ordem e o anseio irresistível da liberdade. Encontrar no passado o nosso maior tesouro, na medida em que o passado pode não nos indicar o que fazer, mas indicará sempre o que devemos evitar.

�Em suma, resoluções de Ano Novo fluem às centenas, mas envolvidas por uma realidade que nos acompanha sempre: será que daqui a um ano estaremos repetindo essas mesmas promessas, dada a evidência de não havê-las cumprido?

�O 2011 que se defronta à nossa frente estará começando com uma semana de atraso, porque do primeiro dia de janeiro até hoje as atenções ficaram voltadas para a posse do novo governo, o pronunciamento da presidente da República e de seus ministros e a expectativa das ações iniciais. Resoluções de Ano Novo, assim, foram primeiro deles. Decorridos poucos dias dos tempos pós-Lula, no entanto, voltamos à rotina que nos força a repensar o individual. Quem sabe desta vez conseguiremos? Caso contrário, não haverá que desanimar.

Imitando o esquartejador, podemos fatiar o ano e, por exemplo, deixar as resoluções para depois do Carnaval, que ninguém é de ferro. Por que não deixar passar a Semana Santa? Ou as férias de julho? Sem esquecer a Semana da Pátria, o período de Finados e já estaremos outra vez, resolutos, a programar tudo para 2012…

sábado, 8 de janeiro de 2011

MULHER CHORONA

Choro de mulher torna homem menos agressivo e com menor apetite sexual

Atenção, mulheres, está demonstrado pela ciência: chorar é golpe baixo.

As lágrimas femininas liberam substâncias, descobriram os cientistas, que abaixam na hora o nível de testosterona do homem que estiver por perto, deixando o sujeito menos agressivo.

Mais: ver uma mulher se acabando de chorar mexe tanto com qualquer marmanjão que ele até deixa de lado sua vontade de fazer sexo com ela para, primeiro, saber o que está acontecendo.

Os cientistas queriam ter certeza de que isso acontece em função de alguma molécula liberada --e não, digamos, pela cara de sofrimento feminina, com sua reputação de derrubar até o mais insensível dos durões.

Por isso, evitaram que os homens pudessem ver as mulheres chorando.

Colocaram, então, várias delas para assistir a "O Campeão" (1979), que conta a vida de um ex-lutador decadente que perdeu tudo, menos o filho, que adora o pai.

Mas surge a mãe do guri, rica e malvada, que, apesar de nunca ter se interessado por ele, agora quer tirá-lo do pai.

A mulherada caiu no choro, e suas lágrimas foram coletas e levadas para uma sala com dezenas de homens.

Os cientistas molharam pequenos pedaços de papel, como aqueles utilizados em lojas de perfume como amostra, e deixaram que fossem cheirados pelos homens.

O contato com as lágrimas fez a concentração da testosterona deles cair quase 15%, em certo sentido deixando os homens menos machões.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

CURURU GIGANTE

Sapo de quase dois quilos é atração em zoológico na Alemanha



O sapo Agathe, do gênero 'Bufo', senta em uma balança de brinquedo no zoológico de Hannover, na Alemanha, em foto divulgada nesta quarta-feira (5). Sapos-cururu são comuns na fauna brasileira, medindo geralmente entre 10 cm e 15 cm. No caso de Agathe, o peso impressiona mais: 1,85 kg. Os animais do local, um dos mais famosos parques do mundo, são contados, medidos e pesados no começo de todos os anos para acompanhamento da saúde. (Foto: Holger Hollemann / AFP Photo)

domingo, 2 de janeiro de 2011

AGORA É DILMA

Começa o governo Dilma: esperança e disputa de rumos

O Brasil inaugura, com a posse da presidente Dilma Rousseff, o terceiro período presidencial dirigido pelas forças democráticas, progressistas e patrióticas em nossa história. É um acontecimento memorável. Desde o início da República, o país conheceu uma série de governos retrógrados, oligárquicos, entreguistas, alguns ditatoriais e fascistas que governaram a ferro e fogo, em nome dos interesses das classes dominantes.

Raras vezes, o país teve no período republicano governos com alguma tendência progressista. Estes, esbarrando no poderoso obstáculo representado pelas oligarquias latifundiárias, monopolistas, financeiras e aliadas do imperialismo, não conseguiram ir adiante. Durante o século 20 o país viveu agudos conflitos políticos, seja na República Velha, na Revolução de 1930, no período imediatamente posterior, no Estado Novo, na fase antecedente ao golpe de 1964, ao longo da vigência do regime militar, na Nova República e durante os governos neoliberais e conservadores dos anos 1990.

Houve momentos trágicos, como o suicídio de Vargas em 1954 e a deposição de João Goulart, em 1964. No embate político, as forças conservadoras, vassalas do imperialismo, sempre prevaleceram e o país conheceu longos períodos de atraso, estagnação e prostração ante os interesses oligárquicos e internacionais.

Daí a promissora novidade representada pelo atual período de avanços vivido pelo país que, como nunca antes em sua história, acumula ganhos no crescimento econômico juntamente com a distribuição de renda e o avanço social, uma receita inédita que está mudando o país em e levando-o ao rumo sempre preconizado, e nunca cumprido, de “país do futuro”, malgrado a permanência do domínio do capital monopolista e financeiro, de continuarem intactos os interesses da grande burguesia e dos latifundiários, da existência de lancinantes contradições sociais e de abissais desigualdades.

Desde 2003 o Brasil é governado por forças democráticas, patrióticas e progressistas e para o povo a sensação é de que o futuro é construido hoje e a conquista de suas aspirações históricas está ao alcance da mão. O Brasil tem tudo para continuar avançando e a expressão dessa convicção foi a recondução em outubro último do mesmo projeto político vitorioso com Lula, agora sob a direção de Dilma Rousseff, que se elegeu sob o lema de continuidade e avanço.

Este projeto, contudo, não é interpretado nem conduzido com unanimidade pelas forças que compõem o governo. Tal como ocorreu durante os oito anos de Lula, o governo Dilma será o terceiro governo progressista da história contemporânea e ao mesmo tempo o terceiro governo em disputa.

Não se trata de uma disputa apenas com a direita neoliberal e os conservadores que em 2002, 2006 e 2010 foram derrotados. O eixo da disputa situa-se também dentro do governo, com o choque de diferentes orientações e a busca de hegemonia pelas diferentes forças que o compõem. É uma disputa de natureza objetiva, com ares de fenômeno natural, decorrente da complexidade alcançada pelo capitalismo brasileiro, pelo protagonismo político e social de diferentes forças sociais antagônicas, mas que se aliaram em torno da busca do progresso nacional. São peculiaridades do processo político brasileiro e do estágio atual do desenvolvimento da luta de classes no país.

Mas a disputa existe, é real e quase sempre acirrada. Sua face mais visível é o embate que se dá em torno da política econômica opondo os setores desenvolvimentistas partidários do uso da força política e econômica do Estado nacional para impulsionar o crescimento econômico, à visão ortodoxa daqueles que, servos do capital monopolista-financeiro, defendem concepções monetaristas para manter o equilíbrio da economia. Daí os choques em torno do tamanho do superávit primário, das taxas de juros, da política cambial e do uso das reservas externas acumuladas pelo país. A defesa da chamada “austeridade fiscal” esbarra, aqui, na necessária ação do Estado na economia, seja na área de investimentos, na contratação de funcionários públicos para ampliar os serviços para a população etc.

Mas há outras agendas contraditórias que agora serão administradas por Dilma Rousseff. A adoção da jornada de trabalho semanal de 40 horas sem redução dos salários, o atendimento da reivindicação dos trabalhadores de eliminação das aberrações criadas por Fernando Henrique Cardoso em relação à aposentadoria, a luta pelo fim do fator previdenciário e contra as tentativas de aumentar a idade para a aposentadoria, fazem parte das bandeiras dos trabalhadores, dos sindicatos e das centrais sindicais que conflitam com os interesses empresariais representados dentro do governo e do Congresso Nacional.

A necessária reforma política para aprofundar a democracia e ampliar o protagonismo popular é outra agenda contraditória, opondo os democratas que querem uma legislação que assegure a representação das diferentes forças políticas nacionais, expressa na proporcionalidade dos votos, contra aqueles que querem medidas restritivas dessa representação e defendem diferentes modalidades de voto distrital, a volta da cláusula de barreira e outras medidas que limitam a fidelidade da expressão da vontade popular manifestada nas urnas.

Uma área extremamente sensível é a questão da democratização dos meios de comunicação. A própria demora na realização da Conferência Nacional de Comunicação, ocorrida no final de 2009, dá a medida do alcance da controvérsia e dos interesses que ela envolve. A grande mídia é, no Brasil, um setor acima das leis, além do bem e do mal. E todos os esforços no sentido da criação de uma legislação que assegure o amplo, e constitucional, direito à informação, e responsabilize os autores de crimes cometidos pelas páginas dos jornais e revistas ou pelo rádio e televisão, fracassaram devido à forte resistência dos oligarcas da mídia e seus representantes no governo e no Congresso Nacional. Esta é outra dívida democrática que exigirá um esforço do novo governo para ser resgatada.

Há outras reformas estruturais urgentes: agrária, urbana, tributária, educacional e do sistema de saúde.

Estes são apenas alguns temas entre os mais notáveis da pauta de conflitos que faz do governo Dilma, que se instala , outro governo em disputa. Com uma diferença significativa: ao tomar posse em 2003 Lula encontrou um espólio de desagregação, fragilidade econômica e desmanche da máquina pública cujo enfrentamento limitou sua capacidade de resolvera contento estas questões polêmicas. No primeiro mandato, o presidente aplainou o caminho para a concretização daquilo que ele próprio havia apelidado de “espetáculo do crescimento” (que efetivamente ocorreu depois); no segundo mandato iniciou a correção de graves distorções econômicas e sociais e criou a base política que permite o avanço. Dilma, protagonista e continuadora daquele projeto, vai dar seguimento a ele em condições muito mais favoráveis.

A posse da nova presidente, carregada de simbolismo adicional, por ser a primeira mulher eleita pelo povo para o mais alto cargo do país, é momento de justificado regozijo nacional e reafirmação de esperança e confiança na força do povo e no presente e futuro venturoso do país.

É igualmente legítimo que as forças democráticas e patrióticas mais avançadas e consequentes almejem a concretização de novas conquistas que superem as contradições e elevem o país a um novo e mais alto patamar de desenvolvimento econômico, social e democrático. Dilma pode fazer isso, suas convicções e sua história apontam nessa direção, e é isso que o país espera dela.

Ao tomar posse, Dilma tem sob sua liderança uma nação e o povo que evoluiram politicamente, amadureceram sua consciência democrática e estão disponíveis para uma mobilização histórica em favor da realização de reformas estruturais que farão do Brasil uma grande nação democrática e progressista.