SÓ GOZO COM QUEM DÁ

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

MIRANTE MÃE GUILÉ

BAR E RESTAURANTE
Vista frontal


François Silvestre

 
Após dois anos de uma obra construída lentamente, está pronto e entregue ao público o Mirante Mãe Guilé, posto no cume de uma grota da Bela Vista, distrito de Lagoa Nova, na serra do Martins.

Do alto daquela grota, Mário de Andrade, em fins dos anos vinte, do século passado, disse a Câmara Cascudo: “Esta serra me lembra Petrópolis”. E cascudo respondeu: “Não. Petrópolis é que lembra a serra do Martins”. Esse diálogo foi narrado a Manoel Onofre Jr. pelo próprio Cascudo.

Pois bem. A inauguração deu-se no último dia dezoito deste mês. Agora eu sou apenas mais um cliente do Mirante, que foi arrendado a uma micro-empresa que o tocará com serviço de bar e restaurante. É mais uma alternativa de uso público para quem deseja conhecer ou revisitar as belezas do lugar. E também para usufruto dos nativos e moradores da serra.

A parte mais alta do Mirante está a oito metros e sessenta centímetros acima da grota. E esta à cerca de setecentos e sessenta e cinco metros do nível do mar.

À noite derramam-se as luzes de várias cidades e comunidades do sertão. Donde se vê dentre outras as cidades do Martins, Patu, Rafael Godeiro, Messias Targino, Campo Grande, Caraúbas, Umarizal, Olho D’água, Riacho da cruz, Itaú, Severiano Melo, Apodi e a iluminação de pequenos arruados. É uma paisagem deslumbrante.

Do cume do Mirante, o por do sol banha de cinza e vermelho a parte posterior do ambiente. O nascer da lua cheia, por trás do monte dos Picos é indescritível. Não há um só momento em que a paisagem se repita. Nem de dia nem de noite. A mudança constante das nuvens, modelando e repintando as cores do sertão e das serras. Momento de sol encandeante cedendo lugar para uma névoa fria. Hora de claridade marcante subitamente trocada por uma cinza que encobre a distância.

A festa de inauguração foi um êxito completo. A Filarmônica Nair Soares e o sax de Bobó deram as boas vindas aos presentes. Muita gente. Boníssima gente. Da terra e de longe. Sou um afortunado de amizades. Onde não há amizade se hospeda a amargura.

Muitos não puderam vir, mas telefonaram desejando sucesso e prometendo visita.

Não troco o afeto da família e dos amigos por nenhuma dádiva das ilusórias fanfarras patrimoniais. Seja de bens ou de fama. Tudo falso! Cada amigo meu vale muito mais do que pode a ilusão da grana.

É aos amigos que dedico este texto. E cada um deles vai se identificar aqui, na certeza de que a insinceridade não se elenca no rol dos meus defeitos. E que ocupem comigo o vasto e franco colo de Mãe-Guilé.

Os que não puderam vir que venham logo. Os que vieram, voltem breve. O convite foi geral e é permanente. “amigo é feito casa que se faz aos poucos”. Como registraram os “amostrados” Aluísio e Graça. Té mais.


segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

A PROBIDADE

Em 18 lições

O tema corrupção ainda provoca muito alarde, um indicativo de que não é entendido como parte das “regras do jogo” ou da “manutenção de governabilidade” ou “em política quase tudo é permitido” ou, finalmente, como algo do senso comum, que “sempre foi e é assim”.

Trata-se de questão que está a exigir soluções. Para tanto, sugere um campo de compreensão social que deve se iniciar no indivíduo. Requer a adoção de uma forma de agir que nasça no âmbito de ação de cada um de molde a refletir-se no tecido social como um todo, inclusive no campo político-social. Algo a ser defendido contra a apropriação privada tendo por base o bem comum.

Os atores, quando públicos, devem possuir exata noção entre o exercício da autoridade e o do poder, caso em que passam a servir e não a ser servidos. O primeiro constitui a faculdade de fazer de boa vontade, como deferência aos atributos da honestidade, exemplaridade, respeito e atitude. Já o segundo significa a capacidade de exigir pela força, pela coação, devendo apenas ser exercido quando quebrado o uso legítimo da autoridade.

Os particulares, por sua vez, não podem compactuar com tolerâncias recíprocas, alianças e cumplicidades que acabam mantendo uma determinada ordem social, ao mesmo tempo em que comportam movimento de constante negociação e consentimento de acordo com as forças em disputa, até o momento em que o Estado se vê ameaçado mesmo em seus fundamentos.

Logo, a definição do que será ou não tolerado depende da posição de todos nós, agentes públicos ou não.

O exercício do “mal público” não seria, pois, exclusivo dos servidores, porquanto a troca de favor entre quem detém o poder econômico ou o de disposição de vantagem ilícita e aquele que possui o poder de decisão requer a atua-ção de alguém que almeja práticas ilegais e injustas.

A corrupção significa, claramente, o desprezo real pelo amor ao próximo, pelos valores permanentes de Justiça. É a coroação do egocentrismo. Compreende a perda da medida do que é vida justa em comum.

Suas causas são conhecidas com realce:- instituições deficientes, falta de transparência, brechas legais, mecanismos inadequados ou insuficientes de controle e avaliação.

Se a democracia significa um conjunto de regras fundamentais que estabelece quem está autorizado a tomar decisões, de que forma e em nome do interesse público, ela se vê ameaçada quando a corrupção apresenta-se sistêmica (“jeitinho” em todo lugar).

O Poder Judiciário assume importância crucial enquanto instrumento de controle diferencial das desigualdades, o qual não pode referendar a desordem calculada, ou seja, a relação instável entre o legal e o ilegal, uma vez que passaria a se constituir num instrumento que ratifica, dada a insegurança jurídica, a estratificação ou a desigualdade. Daí por que deve refletir o seu papel. Não se pode esquecer que um sistema judicial criminal tímido ou inoperante torna ineficiente qualquer mecanismo legal e institucional projetado para conter o crime de maneira eficiente e honesta.

O poder político (Executivo e Legislativo), por sua vez, deve se afastar das irresoluções políticas com a edição de leis, códigos ou regulamentos inadequados- ou ineficazes (complexidades para vender facilidades), numa equação em que o universal (a impessoalidade) é dirigido para o benefício de poucos.

A imprensa possui também papel primordial, já que, dentre outras funções, assume atividade informativa e, eventualmente, investigativa, quando da inércia ou do mau funcionamento dos órgãos competentes.

Se desejamos um país melhor, devemos tomar a luta para nós, denunciando, protestando, cobrando e, principalmente, servindo de exemplo.

É necessário fazer a polícia, o Ministério Público e o Judiciário trabalharem melhor, não com alterações risíveis do Código de Processo Penal, que visam amesquinhar a função judicial do compromisso com a verdade real- (estabelecendo um juiz autômato) ou torná-la de uma complexidade inútil e desnecessária com criação de mais um juiz atuando em primeira instância, com evidente perda de conhecimento sobre os fatos (juiz das garantias).

Apontam-se as seguintes sugestões:

1. Reforçar a liberdade de imprensa como preceito indispensável à sociedade democrática e instrumento vital ao Estado de Direito, vedando-se qualquer tentativa de manipulação e controle.

2. Reconhecer a legitimidade do uso das Técnicas Especiais de Investigação (Delação Premiada, Interceptação do Fluxo de Dados, inclusive telefônicos, Transferência de Sigilos, Ação Controlada etc.), bem como admitir denúncias anônimas, desde que consistentes, atendendo à Convenção da ONU contra a Corrupção.

3. Extinguir o Foro por Prerrogativa de Função, tanto nos casos de crimes propriamente ditos quanto para a apreciação da Ação de Improbidade Administrativa (nas hipóteses de crime de responsabilidade configurada), diante da notória complexidade e morosidade.

4. Premiar não somente o delator (Delação Premiada), mas também as pessoas que colaborarem para a recuperação de dinheiro desviado, com uma porcentagem sobre este.

5. Tipificar, atendendo à mesma Convenção da ONU, o crime de enriquecimento ilícito para o funcionário público que possuir, mantiver ou adquirir- para si ou para outrem de forma injustificada bens ou valores de qualquer natureza incompatíveis com a renda ou com a evolução patrimonial.

6. Criar a Ação Civil de Extinção de Domínio para recuperação no campo cível de valores ilícitos sem que haja necessidade de uma sentença penal.

7. Ampliar a Responsabilidade Penal das Pessoas Jurídicas para a Lavagem de Dinheiro como preconiza a Constituição Federal e recomenda o Grupo de Ação Financeira Internacional sobre Lavagem de Dinheiro (Gafi).

8. Extinguir a prescrição da pretensão punitiva intercorrente (que ocorre após o trânsito para a acusação).

9. Estabelecer a independência funcional e administrativa da Polícia Federal.

10. Redefinir o instituto do habeas corpus- para abarcar a possibilidade de impetração aos casos de violência ou coação da liberdade de locomoção nas hipóteses de nulidade manifesta e quando não previsto recurso com efeito suspensivo.

11. Regulamentar o transporte de valores em espécie em âmbito nacional para as Pessoas Físicas.

12. Exigir a identidade completa dos beneficiários, a obtenção da qualificação dos reais investidores, ainda que pertencentes a empresas com sede no exterior, e a identificação dos sócios e administradores que se encontram ocultos em offshores domiciliadas em paraísos fiscais.

13. Incriminar a não comunicação de operação financeira, o seu retardamento, a prestação incompleta ou falsa, bem como a estruturação de transações ou operações para inibir comunicação obrigatória.

14. Estabelecer critérios de nomeação de ministros e conselheiros dos Tribunais de Contas e Superiores, bem como de advogados e membros do Ministério Público (Federal ou Estadual) ao quinto constitucional, para evitar tentativa de ingerências políticas, reforçando a credibilidade das decisões e prevalecendo o prestígio do cargo, que é público.

15. Criar forças-tarefas permanentes para estudo específico de informações obtidas, com regramento claro para seu funcionamento.

16. Obrigar que o mesmo membro do Ministério Público tenha atribuição para crimes de corrupção e para as ações de improbidade administrativa.

17. Aprovar lei que verse sobre intervenções de interesse (lobby), bem ainda conflito de interesses entre as atividades públicas e privadas dos agentes públicos.

18. Obrigar a comunicação de operações suspeitas pelos profissionais que prestam serviços não financeiros (contábeis, de assessoria etc.), bem como pelos Cartórios de Registro de Imóveis.

Os governantes devem entender que o único pronome possessivo a ser invocado nessa questão é o da primeira pessoa do plural, ou seja, o nosso, do povo brasileiro. Do contrário, não há defesa intransigente dos verdadeiros valores sociais.

Fausto Martin de Sanctis é juiz federal e escritor

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

PESQUISA

Pesquisa revela aprovação recorde de Lula e confiança em Dilma

Pesquisa Ibope encomendada pela CNI (Confederação Nacional da Indústria) divulgada nesta quinta-feira (16), em Brasília, mostra que o governo Lula encerra seu mandato com recorde de avaliação positiva: 80%. Na avaliação anterior, o percentual era de 77%.A aprovação pessoal do presidente também apresentou recorde histórico, com 87% de aprovação – o maior desde 2003. Na pesquisa anterior, a avaliação pessoal positiva de Lula chegou a 85%.

“Quando você olha a série histórica [dos dois mandatos do presidente Lula], vê-se que em 2005, houve um grande queda na avaliação do governo, enquanto no segundo mandato, os dados positivos da economia justificam que a população o avalie melhor que no primeiro”, observou o gerente executivo de Pesquisa CNI/Ibope, Renato da Fonseca.

Segundo a CNI/ Ibope, a avaliação positiva do presidente cresceu em todas as regiões do país: no Nordeste (de 92% para 95%), no Norte e Centro-Oeste (de 88% para 90%), Sudeste (de 81% para 85%) e Sul (de 78% para 80%).

Com relação à aprovação do governo, o Nordeste continua sendo a região com melhor avaliação: 86% da população considera o governo do petista como “bom” ou “ótimo”; seguido das regiões Norte e Centro-Oeste (81%); Sudeste (78%) e Sul (75%).

O índice de confiança na figura do presidente também teve elevação: de 81% contra 76% na pesquisa anterior de setembro, quando houve queda com relação a de junho, quando estava em 81%.

Das nove áreas de atuação do governo avaliadas, sete obtiveram avaliação positiva, com destaque para o setor de combate à pobreza, setor mais bem avaliado com 71% de aprovação (o índice anterior era de anterior 66%) e combate ao desemprego, com 66% (o índice anterior era de 64%).

O destaque negativo ficou para as áreas de saúde, com 54% de desaprovação (o percentual anterior era de 57%) e impostos, com 51% de avaliação negativa (manteve o mesmo índice da pesquisa anterior).

62% dos brasileiros acham que Dilma fará um bom governo

O levantamento do Ibope também procurou saber a expectativa da população em relação ao futuro governo da presidente eleita Dilma Rousseff. A pesquisa aponta que 62% dos brasileiros acham que Dilma fará um bom governo. O percentual dos que acham que o governo Dilma será bom é maior do que o percentual dos eleitores que votaram na candidata no segundo turno: Dilma foi eleita com 55.752.529 de votos, ou 56,05% dos votos válidos.

Segundo a pesquisa, 19% dos entrevistados acreditam que o próximo governo será regular e 9% avaliam a futura gestão como ruim ou péssima.

Comparando o governo de Dilma com o governo Lula, 18% dos entrevistados avaliaram que o governo Dilma será melhor, 58% acreditam que será igual e 14% acham que será pior.

“A gente percebe uma expectativa significativa da população de que o governo Dilma seja melhor que o governo Lula ou, pelo menos, igual. Isso incluindo eleitores que votaram no [candidato do PSDB José] Serra”, ressaltou Fonseca.

De acordo com a pesquisa, a maioria da população gostaria que as prioridades do novo governo fossem saúde (51%), educação (11%) e segurança pública (7%).

Por região, os moradores da região Nordeste são os mais otimistas com relação ao próximo governo: 70% acreditam em um bom mandato de Dilma. Em seguida, os mais otimistas são os moradores de municípios com até 20 mil habitantes, 65% de expectativa positiva.

Fonte: UOL

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

OS LÍDERES DO SENADO

O Conselho de Ética do Congresso Nacional resolve contratar um professor para subir o nível de ética do senado:

Fim de sessão, o professor entra no plenário e diz:

- Pode sair todo o mundo do salão, menos os três principais líderes.

Aí foi aquela correria…

Então ele se dirige aos três líderes:

- São os líderes dos principais partidos; então vocês serão avaliados ao responderem corretamente a pergunta que irei fazer: O que meu pênis tem a ver com o Hino Nacional Brasileiro?

E em seguida tira seu pênis de 28 cm para fora da calça e bate com ele na mesa.

O 1º líder responde logo: - Gigante pela própria natureza.

O 2º diz: - És belo, és forte, impávido colosso.

E o líder do . . . meio sem graça foi abaixando as calças e virando a bunda falou:

- Verás que um filho teu não foge a luta.

domingo, 28 de novembro de 2010

AS GROTAS CONDENADAS

François Silvestre


O Mirante de Mãe Guilé, que será inaugurado no dia Dezoito Desbrumário, será um palanque da natureza exposto à visitação pública sobre a sacanagem da população local e a omissão oficial com a destruição do meio ambiente numa pequenina e bela serra de um pedaço de terra abandonado pelo poder público e destruído por seus habitantes.

A população de Martins, população e não povo, pois isso aqui não há, nas últimas cinco décadas, vem num processo acelerado e celerado de destruição da sua moradia. É uma coisa quase indescritível. São caçadores, broqueiros, gaioleiros e outros tipos de duendes do mal. Da fauna típica da serra restam pouquíssimas espécies.

Da vegetação, na chã e nas grotas, nada escapa ao espírito destruidor e predador sem freio e sem controle. A paisagem arquitetônica dos tempos de minha infância há muito foi desmontada ou deformada. Só escapa alguma edificação quando dela toma posse algum maluco conservador.

As queimadas nas grotas, para plantar milho e feijão, culturas não vocacionais da serra, onde cada roçado não produz nem para uma canjicada de Eraldo Porciúncula, transforma a serra numa chaga de catapora descendo e subindo as grotas. Do Mirante, esse quadro é estarrecedor. Que inveja dos habitantes de Guaramiranga. Gente que zela por sua casa.

Dos dezessete olhos d’água que acompanhavam a dobrada da serra desde a Pedra Rajada, passando por lagoa Nova e chegando até a descida da estrada para o sertão, só restam três.

Catorze foram mortos pelas queimadas e a sequidão que elas produzem. Inanição das aguadas, escassez de inteligência e carência de dignidade ecológica.

Tudo agasalhado, protegido, premiado pela cumplicidade do poder público. Prefeitura e Câmara de Vereadores. Elaborei há alguns anos um projeto de lei de Proteção ambiental do município. Fizemos uma reunião na Câmara. Todos os vereadores estavam presentes. Todos concordaram com a Lei. Só na conversa. Apareceram os eleitores das caças, dos broques e das gaiolas. A lei, “muito elogiada”, foi para a gaveta onde deve estar até hoje. Se não foi para o lixo.

Aqui não tem Procuradoria do Patrimônio nem do meio Ambiente. Não tem IBAMA. Não tem IDEMA. As letras maiúsculas não são de respeito, são de ironia. A inutilidade não merece respeito.

Um Estado tão pequeno de território não precisava ser menor ainda de administração pública. Estadeco.

Logo, logo, essas serras potiguares serão desertos escavados em lombadas de saudosos vulcões que deveriam ter transformado esse paquiderme de merda numa grande e perfumada fossa.

Pensa você, meu caro leitor, que eu estou cansado? Engana-se. Tô cansado dessa gente. Da luta, não.

Dela só cansarei no despejo da vida.. Vou continuar apontando patifes e patifarias. Companheiro de cada sagüi atingido de morte. Do sanhaçu deserdado da liberdade e de cada ipê sangrando no fogo. Té mais.

domingo, 7 de novembro de 2010

PROFISSÃO

François Silvestre

Se for a de ganhar a vida, fazer a feira, bancar a fisiologia orgânica (a necessária e boa, não a fisiologia política) sou Procurador. Não sou advogado, stricto sensu. Tenho apenas um cliente que é o Estado e a fazenda pública estadual.

Se for a que me produz um conhecimento com outros mundos e pessoas várias, me empurra para a imaginação e construção dos meus personagens e o mundo que eu controlo, sou escritor.

Mas a verdade verdadeira mesmo é que nenhuma dessas é a minha profissão de felicidade. Da alegria de viver, que é tão somente tentar manter parte do mundo e da vida que os olhos de criança fotografaram e não revelaram para os olhos dos outros, só há uma profissão que me assegura esse prazer. E é o que eu sou. Apenas um jardineiro.

A memória da mais robusta e próxima condição de ser feliz vem de um curto período da minha infância no jardim da casa da minha avó. Intervalo entre a morte do meu pai adotivo e o assassinato do meu pai legítimo.

O jardim de Mãe-Guilé tinha um conluio com ela que parece mentira de contar. Se um resedá murchasse, bastava o afago de suas mãos molhadas para no dia seguinte soltar rebentos de brotos. Era de lá que se abastecia a igreja matriz da cidade, com flores de todas as cores enfeitando os altares.

Às vezes fico pensando que a minha vida não tem sido muito mais do que a tentativa de recriar aquele jardim.

Até a edificação do mirante que leva seu nome, agora descubro, foi um pretexto para procriar um jardim. Os jardins são paridos, da mesma forma que as crianças. Mesmo que o parto seja bem diferente.

Um jardim não tem começo, meio nem fim. Cada planta do seu corpo é tempo e espaço. Diferente do museu, guarda o futuro. Semelhante à biblioteca, não sobrevive ao dono.

As plantações dos condomínios, dos hotéis de luxo, das praças públicas são arborizações ornamentais. Não são jardins. O jardim é o noivo da natureza, diferentemente do noivado humano é ele que chega atrasado à cerimônia. Ou melhor, nunca chega. Porque o jardim nunca pára de nascer.

Quando a chibanca abriu a primeira vala da fundação do mirante, abriu-se também a terra para receber a primeira muda de flores. E na companhia de coqueiros, mangueiras e cajueiros foram crescendo sete-léguas, malvões, ipoméias, dedais, camarões, trombeteiras, murtas, manacás, buganviles, roseiras, camarás, guarnecidas todas pelo cerco dos cassis.

Assim está nascendo o jardim do mirante. Que disputará uma luta inglória com a beleza da paisagem de se ver ao longe, em camadas do azul, as silhuetas de várias cidades. De dia as formas que o sol modula, diferente a cada hora. À noite, o frevar das luzes imitando as estrelas e inventando dois céus. Um em baixo, perto dos olhos. Outro em cima, perto do sonho. Té mais.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

O IBOPOPULI E CHICO PREÁ

 François Silvestre

O pesquisador do Ibopopuli, ou outro qualquer, pois são todos iguais em matéria de mentira, descobriu a casa de Chico Preá, na descida do moro do Cumbe, pros lados do Sanharão.

Instituto de pesquisa só se dá bem no Brasil porque os candidatos mentem mais do que eles e os eleitores possuem igual integridade política. Numa gradação de safadeza os corruptos chegam na frente. Depois Vêm os eleitores. Depois os políticos. E logo encangados os ibopes e as igrejas. E a mídia; de papel, oral ou virtual, mãezona de todos eles.

O poeta estava regando duas mudas de manjericão, feitas para presentear o Mirante de Mãe Guilé, que será inaugurado neste fim de ano. “O manjericão acalanta o olfato, descansa a vista e afaga o paladar”. Ele diz.

Mandou a visita ocupar uma cadeira de maracatiara e couro, feita por Binha Torres, de Caicó e descoberta por Anchieta Jácome, de Pendências.

“Abolete-se e diga ao que veio”. O jovem informou que estava fazendo uma pesquisa eleitoral, coisa importante nesse momento na vida nacional. “Meu filho, o importante aqui, nesse momento é a carregação da aroeira, que avisa bom inverno. Mas o inchuí tá magro, o que não é bom sinal”.

Deu várias lições de suas “experiências” de chuva, mas o pesquisador nem tava ouvindo. Tinha pressa.

Perguntou: “O que precisa mudar de verdade no Brasil”? Chico Preá: “O eleitor. Esse é o pior que há”. O pesquisador: “Eu tô falando da gestão pública”. O poeta: “E eu tô falando da gestação pública”.

O rapaz do ibofolha ou populibope ou centruvoz percebeu que por aí não ia. E resolveu encerrar logo aquela entrevista perguntando sobre o voto do matuto: “Em quem o senhor vota”? Chico Preá: “Eu voto em Juscelino pra presidente, Lott pra general, Lacerda pra jornalista, Georgino pra bajulador, Cascudo pra pesquisador, Prestes pra comunista, Castelo pra traidor, Aluizio pra orador e Dix-sept pra governador”. O rapaz quase tem um ataque de raiva, mas se conteve. “Tô perguntando sobre o quadro atual”. O poeta, sem se alterar, responde: “O quadro atual é verde, antigamente era preto. Tanto que chamavam de “quadro-negro”. Hoje num pode mais. E para não chamar de quadro afro-descendente, mudaram para quadro-verde”.

“O senhor é a favor do aborto”? A resposta é outra pergunta: “Quem é que tá buchuda”?

Nem dá para descrever a reação do pesquisador. Com esforço voltou a perguntar: “O senhor é contra ou”..., antes de terminar, Chico responde: “Sou contra”. “Mas eu nem disse em quê”... “Qualquer coisa que você perguntar de eleição eu sou contra. É o único jeito de não me arrepender”.

“O senhor gosta de Serra”? “Gosto da serra”. “O senhor gosta de Lula”? “Nem de caranguejo”. “O senhor gosta de Dilma”? “Eu gosto mesmo é de queijo de coalho com rapadura”.

Na tabulação da pesquisa o rapaz mudou tudo. E nada do que o poeta disse foi considerado. Té mais.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

TOMOGRAFIA DO ATENTADO DA BOLINHA

DATAFOLHA - migração de voto

DILMA AMPLIA VANTAGEM
Pesquisa Datafolha divulgada nesta quinta-feira (21) confirmou a tendência de ampliação da vantagem da candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, sobre o adversário José Serra (PSDB).

Contabilizando apenas os votos válidos, Dilma foi a 56%, contra 44% de Serra. O levantamento anterior dava 54% a 46%. O levantamento mostrou também que a vantagem da petista considerando todos os votos passou de oito para dez pontos. Agora, sem descontar brancos e nulos, Dilma tem 50% das intenções de voto, contra 40% de Serra. Na pesquisa divulgada na segunda-feira (18), a ex-ministra tinha 48%, contra 41% do oponente


quinta-feira, 21 de outubro de 2010

TERRORISMO

Cinco Ondas da campanha contra Dilma Rousseff


As ondas de uma campanha feita nas sombras

por Rodrigo Vianna

O jornalista Tony Chastinet é um especialista em desvendar ações criminosas. Sejam elas cometidas por traficantes, assaltantes de banco, bandidos de farda ou gangues do colarinho branco. Foi o Tony que ajudou a mostrar os caminhos da calúnia contra Dilma, como você pode ler aqui.

O Tony é também um estudioso de inteligência e contra-inteligência militar. E ele detectou, na atual campanha eleitoral, o uso de técnicas típicas de estrategistas militares: desde setembro, temos visto ações massivas com o objetivo de disseminar “falsa informação”, “desinformação” e criar “decepção” e “dúvida” em relação a Dilma. São conceitos típicos dessa área militar, mas usados também em batalhas políticas ou corporativas – como podemos ler, por exemplo, nesse site.

Na atual campanha, nada disso é feito às claras, até porque tiraria parte do impacto. Mas é feito às sombras, com a utilização de uma rede sofisticada, bem-treinada, instruída. Detectamos nessa campanha, desde a reta final do primeiro turno, 4 ondas de contra informação muito claras.

1) Primeira Onda – emails e ações eletrônicas: mensagens disseminadas por email ou pelas redes sociais, com informações sobre a “Dilma abortista”, “Dilma terrorista”, “Dilma contra Jesus”; foi essa técnica, associada aos sermões de padres e pastores, que garantiu o segundo turno.

2) Segunda Onda – panfletos: foi a fase iniciada na reta final do primeiro turno e retomada com toda força no segundo turno; aqueles “boatos” disformes que chegavam pela internet, agora ganham forma; o povão acredita mais naquilo que está impresso, no papel; é informação concreta, é “verdade” a reforçar os “boatos” de antes;

3) Terceira Onda – telemarketing: um passo a mais para dar crédito aos boatos; reparem, agora a informação chega por uma voz de verdade, é alguém de carne e osso contando pro cidadão aquilo tudo que ele já tinha “ouvido falar”.

4) Quarta Onda – pichações e faixas nas ruas: a boataria deixa de frequentar espaços privados e cai na rua; “Cristãos não querem Dilma e PT”; “Dilma é contra Igreja”; mais um reforço na estratégia. Faixas desse tipo apareceram ontem em São Paulo, como eu contei aqui.

O PT fica, o tempo todo, correndo atrás do prejuízo. Reparem que agora o partido tenta desarmar a onda do telemarketing. Quando conseguir, a onda provavelmente já terá mudado para as pichações.

Há também a hipótese de todas as ondas voltarem, ao mesmo tempo, com toda força, na última semana de campanha. Tudo isso não é por acaso. Há uma estratégia, como nas ações militares.

O que preocupa é que, assim como nas guerras, os que tentam derrotar Dilma parecem não enxergar meio termo: é a vitória completa, ou nada. É tudo ou nada – pouco importando os “danos colaterais” dessas ações para nossa Democracia.

Reparem que essas ondas todas não foram capazes de destruir a candidatura de Dilma. Ao contrário, a petista parece ter recuperado força na última semana. Mas as dúvidas sobre Dilma ainda estão no ar.

Minha mulher fez uma “quali” curiosa nos últimos dias. Saiu perguntando pro taxista, pro funcionário da oficina mecânica, pro vigia da rua de baixo, pra moça da farmácia: em quem vocês vão votar? Nessa eleição, pessoas humildes- quando são indagadas por alguém de classe média sobre o assunto - parecem se intimidar. Uns disseram, bem baixinho: “voto na Dilma”, outros disseram “não sei ainda”. Quando minha mulher disse que ia votar na Dilma, aí as pesoas se abriram, declararam voto. Mas ainda com algum medo de serem ouvidos por outros que chamam Dilma de “terrorista”, “vagabunda”, “matadora de criancinhas”.

O que concluo: as técnicas de contra-inteligência de Serra conseguiram deixar parte do eleitorado de Dilma na defensiva. As pessoas – em São Paulo, sobretudo -têm certo medo de dizer que vão votar em Dilma.

Esse eleitorado pode ser sensível a escândalos de última hora. Não falo de Erenice, Receita Federal, Amaury – nada disso.

Tony teme que as o desdobramento final da campanha (ou seja a “Quinta Onda”) inclua técnicas conhecidas nessa área estratégico-militar: criar fatos concretos que façam as pessoas acreditarem nos boatos espalhados antes.

Do que estamos falando? Imaginem uma Igreja queimando no Nordeste, e panfletos de petistas espalhados pela Igreja. Imaginem um carro de uma emissora de TV ou editora quebrado por “raivosos petistas”.

Paranóia?

Não. Lembrem como agiam as forças obscuras que tentaram conter a redemocratização no Brasil no fim dos anos 70. Promoveram atentados, para jogar a culpa na esquerda, e mostrar que democracia não era possível porque os “terroristas” da esquerda estavam em ação. Às vezes, sai errado, como no RioCentro.

Por isso, vejo com extrema preocupação o que ocoreu hoje no Rio: militantes do PT e PSDB se enfrentaram numa passeta de Serra. É tudo que o que os tucanos querem na reta final: a estratégia, a lógica, leva a isso. Eles precisam de imagens espataculares de “violência”, da “Dilma perigosa”, do “PT agitador” – para coroar a campanha iniciada em agosto/setembro.

Espero que o Tony esteja errado, e que a Quinta Onda não venha. Se vier, vai estourar semana que vem: quando não haverá tempo para investigar, nem para saber de onde vieram os ataques.

Tudo isso faz ainda mais sentido depois de ler o que foi publicado, pelo ”Correio do Brasil”: uma Fundação dos EUA mostra que agentes da CIA e brasileiros cooptados pela CIA estariam atuando no Brasil – exatamente como no pré-64.

Como já disse um leitor: FHC queria fazer do Brasil um México do sul (dependente dos EUA), Serra talvez queira nos transformar em Honduras (com instituições em frangalhos).

Os indícios estão todo aí. Essa não é uma campanha só “política”. Muito mais está em jogo. Técnicas de inteligência militares estão sendo usadas. Bobagem imaginar que não sejam aprofundadas nos dez dias que sobram de campanha.

Por isso, o desespero do PSDB com as pesquisas. Ele precisa chegar à ultima semana com diferença pequena. Se abrir muito, até a elite vai desconfiar das atitudes das sombras, vai parecer apelação demais.

Estejamos preparados pra tudo. E evitemos entregar à turma das sombras o que ela quer: agressões contra Serra, contra Igrejas, contra carros de reportagem.

O Brasil precisa respirar fundo e passar por esse túnel de sombras em que acampanha de Serra nos lançou.

SERRA AGREDIDO?

Vídeo compara reportagens e desmonta versão sobre agressão a Serra


Por: Guilherme Amorim, Rede Brasil Atual
No Youtube, video questiona suposta agressão a Serra (Reprodução)

São Paulo – Um video postado no portal Youtube compara as reportagens produzidas pela TV Globo e pelo SBT sobre a "agressão" sofrida por José Serra (PSDB), durante caminhada pelas ruas de Campo Grande, no Rio, nesta quarta-feira (20). A versão, endossada pela campanha tucana, também é apresentada em jornais impressos desta quinta-feira (21).

Segundo a reportagem apresentada na Globo, o candidato teria sido agredido por militantes petistas durante o ato de campanha por um rolo de fita adesiva, passado mal, se dirigido a um hospital onde teria passado por exames a e cancelado o restante da agenda do dia, por ordem médica (vá ao endereço para assistir: http://www.youtube.com/watch?v=nrvEHJB9c-8).

Mas o SBT mostra que o que atingiu Serra foi uma bola de papel, que o tucano continou caminhando normalmente, até receber um telefonema para, então, levar a mão à cabeça e se queixar das consequências do "golpe".

A versão de agressão havia sido apresentada pela assessoria de imprensa de candidato. Em nota para informar sobre o cancelamento de agenda, o texto afirma que Serra teria sido impedido de prosseguir na caminhada. "(Depois), em determinado momento, acertaram a cabeça do candidato Serra com um pesado objeto", diz a nota. No site da revista Veja, na tarde de quarta, a informação era de que uma pedra havia sido atirada contra o candidato.

Reação no Twitter

O episódio gerou uma nova onda no Twitter. A hashtag (termo precedido pelo símbolo # que ajuda a demarcar o assunto da mensagem na rede social de microblogs) "#serrarojas" chegou a figurar entre as que mais receberam postagens de internautas. O nome lembra o goleiro chileno que simulou um corte no supercílio durante um jogo contra o Brasil pelas eliminatórias da copa de 1980, no Maracanã. Outro termo usado por críticos de Serra foi "#BolinhadePapelFacts".

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

CUIDADO, ELE MORDE

por Marco Aurélio Mello, no Doladodelá

Meu filho mais velho, Pedro, me perguntou ontem se eu tenho certeza que o Serra não faria um bom governo. Absoluta, respondi. Depois fiquei pensando, por quê? Resolvi listar pelo menos sete razões concretas para ter construído esta certeza.

1. Desde que foi para Brasília, onde ocupou cargos no Legislativo e, depois, no governo Fernando Henrique, Serra montou uma central de inteligênica clandestina, cuja finalidade era investigar, intimidar e chantagear seus adversários (usando para isso jornalistas inescrupulosos que conheço).

2. Quando se candidatou à presidência, em 2002, para tirar do caminho sua adversária Roseana Sarney, tramou contra ela e o marido uma operação com a ala tucana da Polícia Federal, para expor o caixa dois da pré-campanha da adversária (como se caixa dois fosse privilégio apenas de opositores).

3. Tentou derrubar com ilações seus principais companheiros de partido: Geraldo Alckmin e Aécio Neves, um em 2006, e outro em 2009 – sobre Alckmin, expôs suas ligações com a Opus Dei (que hoje apoia Serra ferrenhamente) e, sobre Aécio, insinuações de que o agora senador seria dependente de cocaína e tinha predileção por agredir mulheres.

4. Sempre calou a imprensa paulista com dinheiro, na forma de anúncios, assinaturas e negócios nebulosos. Todos os jornalistas que se impuseram em seu caminho foram massacrados. Ele próprio, Serra, tem o péssimo hábito de telefonar para as redações para “conversar” diretamente com os diretores de jornalismo. Já testemunhei uma dessas conversas. Para ficar em apenas dois exemplos, na TV Cultura: Luis Nassif e Heródoto Barbeiro foram afastados, depois que fizeram críticas a seu governo.

5. Recentemente, deu à TV Globo um terreno (que era do povo paulista) numa das áreas mais valorizadas da capital, em troca de um projeto - no mínimo esquisito - de formação de mão de obra para a televisão. Um escândalo que só não foi investigado porque o Ministério Público Estadual está nas mãos do PSDB há 16 anos!

6. Como Governador, nos últimos anos, determinou que sua Polícia Militar sempre reprimisse manifestações, seja de policiais civis em greve, de estudantes da USP e, até, de professores, o que expôs toda sua truculência em governar, em detrimento do diálogo e da conciliação.

7. Agora, em 2010, o candiato e seus apoiadores têm promovido uma das campanhas eleitorais mais sujas da história do país. Serra posa de estadista, enquanto um grupo de profissionais (colegas jornalistas entre eles) espalha calúnia e difamação em e-mails apócrifos, panfletos e nas redes sociais – como o twitter. Há uma coleção de pessoas já identificadas com seus número de computadores, que serão objeto de análise pelo Ministério Público e a Justiça Eleitoral.

Costumo brincar com o Pedro que, se Serra fosse eleito, eu e meus colegas perderíamos o emprego. Não duvidaria disso!

terça-feira, 19 de outubro de 2010

APOIO DOS INTELECTUAIS

CHICO BUARQUE NO ATO PRÓ-DILMA:

"Venho aqui reiterar meu apoio entusiasmado à campanha da Dilma. Essa mulher de fibra, que já passou por tudo, não tem medo de nada. Vai herdar o senso de justiça social, um marco do governo Lula, um governo que não corteja os poderosos de sempre, não despreza os sem-terra, os professores, garis. A forma de governar de Lula é diferente. Ele não fala fino com Washington, nem fala grosso com Bolívia e Paraguai. Por isso, é ouvido e respeitado no mundo todo. Nunca houve na História do país algo assim"

CENTENAS DE INTELECTUAIS LOTARAM O TEATRO CASAGRANDE NO RIO. APOIO A DILMA SUPERA ATO PARA LULA EM 2002."

Dilma em seu discurso agradeceu o apoio: “As músicas que ouvi e os livros que eu li estão aqui, com todos esses cantores e artistas". Ela defendeu o investimento em cultura e educação como indissociável de um verdadeiro processo de desenvolvimento: "Para diminuir a desigualdade pela raiz é preciso gastar dinheiro com educação de qualidade, pagando professores de forma digna, não recebê-los com cassetetes”.

PESQUISA VOX POPULI

Agora que a campanha despertou, com manifesto de intelectuais, artistas, religiosos, juristas e dos movimentos sociais e com atos de rua como o abraço à Petrobras na próxima quinta-feira, é bom ver que os indicadores de Dilma também começam a subir. Quem votou em outros candidatos no primeiro turno já percebeu que agora é o Brasil do avanço ou o da roda presa. O Brasil do povo ou o dos vendilhões. E isso tende a fazer Dilma crescer ainda mais do que mostrou o Vox Populi.

De acordo com o instituto, que fez sua segunda pesquisa neste segundo turno, Dilma subiu de 48% para 51% das intenções de voto e Serra caiu de 40% para 39%. O crescimento de Dilma se deu sobre os indecisos, que passaram de 6% para 4%. Brancos e nulos permaneceram em 6%.

Considerados apenas os votos válidos, a vantagem de Dilma é ainda maior, 57% contra 43% do tucano. A margem de erro da pesquisa é de 1,8 ponto percentual.

Com toda a exploração da questão do aborto, Serra tem 44% entre os eleitores que se declaram evangélicos, contra 42% de Dilma. Considerando a margem de erro, é empate técnico. Dilma vence entre os católicos praticantes (54% a 37%), entre os católicos não praticantes (55% a 37%) e entre os que se declararam ateus (49% a 36%).

Dilma também ganha entre todas as faixas etárias, entre homens e mulheres e entre as diferentes cor de pele, com vantagem maior entre os que se declararam negros (59% a 29%). A única vantagem de Serra fora da margem de erro se dá na faixa dos que têm nível superior (47% a 40%).

Segundo o Vox Populi, 89% dos entrevistados disseram estar decididos enquanto 9% admitiram que ainda podem mudar de ideia. Entre os eleitores de Dilma a consolidação do voto é maior, 93%. No eleitorado de Serra, 89% disseram que estão decididos

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

LEI DE CHICO DE BRITO

Em 1912 um austero cidadão chamado Francisco José de Brito, assumiu as funções de intendente (prefeito) e delegado do Crato. Homem destemido que era Brito não queria conversa, quem andasse fora da lei, pobre, rico, importante ou não, ele prendia, processava e até castigava. Não se cansava nunca de dizer: "A lei é dura, mas é lei".

Um dia o intrépido delegado prendeu um jovem estudante de direito só porque estava incomodando as moçoilas da pacata cidade, com gracejos. O rapaz, arrogantemente, perguntou. "Baseado em que lei o senhor acha que vai me prender?". Brito não pensou muito e disse. "Na Lei de Chico de Brito!".

Fonte: Ceará Moleque

sábado, 16 de outubro de 2010

RABO DE PALHA

Agora é tarde

Depois que os abestalhados do RN elegeram:

O senador José Agripino (DEM) é citado em um escândalo decorrente das investigações da "Operação Caixa de Pandora", a que investiga o mensalão do DEM no Distrito Federal.
O assunto é destaque na revista Carta Capital, publicação de credibilidade nacional.
A revista afirma, José Agripino tem ligações com a empresa de limpeza Qualix, que é apontada como a fornecedora de dinheiro para o mensalão de Brasília.
A revista reafirma que uma funcionária identificada como "Dominga" é responsável pela distribuição de propina sob orientação do empresário Eduardo Badra.
Uma investigação da Polícia Federal citada pela Carta Capital chegou a conclusão de que os senadores José Agripino (DEM) e Sérgio Guerra (PSDB/PE) eram os políticos mais procurados por "Dominga" através de contatos telefônicos.
Procurado pela reportagem da revista, Agripino disse não ter qualquer relação com Badra. O senador potiguar conhecido como "rabo de palha" disse lembrar do empresário pelo fato de "anos atrás" ter sido procurado por ele para tratar de uma proposta da Qualix para se instalar no Rio Grande do Norte.

É um santo do pau oco!

Será que é a favor da união homo e do aborto?





quinta-feira, 14 de outubro de 2010

O ANALFABETO INTELECTUAL

François Silvestre
Essa figura é pródiga nos tempos da globalização. A “cultura” fácil do Google, textos variados e resumidos dos blogs, a leitura corrida semelhante aos sanduiches que substituem os pratos feitos ou a pedido.

A descoberta de informação, antes pouco acessível, sobre tantos e variados temas, dá a impressão de bagagem cultural. Não precisa mais queimar pestanas nos clássicos da literatura ou filosofia. Tá tudo enlatado. Cultura em compotas. Cultura aqui na acepção de conhecimento acumulado.

As citações e máximas, dos grandes nomes, aí estão ao alcance dos dedos. Basta teclar. Não precisa ir à fonte. A fonte se derrama nos computadores. Mesmo que venha com água turva. Toldada de transparência espelhosa. Clorada de incorreções. Fluorada de vaidade. E pedindo novas informações aos consulentes. Aí a porca torce o focinho e morde o rabo.

A eletrônica esnobando o papel. Cronistas itinerantes da vulgaridade, vendendo sabedoria aos comentaristas iluminados. Todo mundo é professor de variedades, sem seleção de assuntos. Todo mundo ensina tudo. Quase ninguém aprende nada. Pra que aprender? O bom mesmo é ensinar. É muito mais charmoso ser mestre do que discípulo. Mestres que nunca tiveram mestres. Infusos. Colegas do Cristo, de Sócrates, de Platão, de Aristóteles, de Heráclito, de Dante, de Da Vince, de Marx, de Shakespeare, de Dostoievski, de Tolstoi, etc. Dessa patota toda, que agora é da mesma docência dos internautas.

E assim como toda frivolidade, quanto mais luminoso melhor. Alumioso, como Sinésio, nas porteiras de Taperoá. Donde o circo cede lugar aos assistentes. O trapezista perdeu o emprego, o palhaço perdeu a graça. Tá tudo aos montes nas telinhas dos navegantes. Tempestade de ondas desespumadas, calmaria de instrução. E ainda o amparo de ventríloquos.

Quando aparece um ou outro texto com algum miolo, passa despercebido. Porém, se o assunto é baixaria ou maledicência, aí os comentaristas se refestelam na masturbação galante das taras. Iguais a mosquitos em manga podre. No meio disso tudo, o assassinato da pobre fulô do Lácio. Analfabeto intelectual gosta do inglês, que é a língua da quitanda universal. Com todo respeito à língua de Chaucer, que não é o mesmo inglês dos navegantes cujo timão é um rato. Imagine o que diria Borges, que negou a Neruda o direito de escrever na língua de Próspero.

Leio e participo de alguns blogs. Pouquíssimos. Não é exigência excessiva, é escassez de paciência. O jeito é cantar Florentina, Florentina, Florentina de Jesus...

Estão apostando no fim do livro. Até porque não precisa carregar o computador debaixo do sovaco. Basta o ratinho no queijo da cultura furada.

Blogs e revistas eletrônicas me parecem as revoadas de andorinhas, nas cidades do interior. Ao fim da tarde, tomam o resto do sol e escurecem as ruas. Depois, aquietam-se nas árvores e nas torres da igreja maior. Ao amanhecer, já se foram, deixando na praça o cagadeiro da noite.
Té mais.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

DIA DA CRIANÇA

CONTRA OS TRABALHADORES

O histórico de serra 

Serra, o candidato que cinicamente se apresenta como “do bem”, diz que foi “o melhor deputado da Constituinte”. Melhor pra quem, cara pálida? Não para os trabalhadores, de quem foi inimigo. Numa escala de zero a dez, o Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar deu nota 3,75 a ele.

Antônio Augusto, em Carta Maior

José Serra diz que foi o melhor deputado da Assembléia Constituinte, eleita em 1986, para redigir a constituição do Brasil pós-ditadura, constituição entregue ao país em 1988. Vamos ver nesse artigo o que Serra andou fazendo na Constituinte. Pela luta democrática do povo brasileiro tivemos a “Constituição Cidadã”, que o governo FHC tanto se empenhou em alterar e rasgar.

Serra foi o ministro do Planejamento (o ministério das privatizações) do governo vende-pátria de FHC, governo responsável pela entrega da Vale do Rio Doce, pelas privatarias de Daniel Dantas nas telecomunicações, o apagão do setor elétrico... a lista contra o Brasil e o povo brasileiro é longa. Da Petrobras, não era para ficar nem o nome, queriam entregar ao capital estrangeiro com o nome de Petrobrax.

É preciso tomar cuidado com o que Serra e sua campanha dizem. O baixo nível produzido por eles nesta campanha presidencial não tem limites. Lembra Goebbels, o ministro nazista da Propaganda, para quem uma mentira mil vezes repetida se transforma numa verdade.

A campanha de Serra espalha que a Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) recomenda o voto contra Dilma, uma deslavada mentira negada com ênfase pela entidade máxima da Igreja Católica no Brasil; mesmo assim continua repetida insistentemente pela campanha do tucano.

A mulher de Serra faz campanha dizendo que “Dilma vai matar as criancinhas do Brasil”, e, por isso, os eleitores devem votar no marido dela. Sem comentários, a não ser o de que até aonde pode ir a baixeza da direita brasileira, uma das mais trogloditas do mundo. Quanto ao preconceito contra os pobres, à defesa da desigualdade social, dos privilégios, a direita brasileira se compara à direita racista pró-“apartheid” do antigo regime da África do Sul. Não à toa, o governo Lula herdou um país recordista mundial em “apartheid” social.

A baixaria se diversifica em inúmeras infâmias contra Dilma, toma conta da Internet, abarrota de “spams” nossas caixas de “e-mails”.

Mas voltemos à afirmação de cara lavada de Serra de que foi “o melhor deputado da Constituinte”.

Na Constituinte, vejam como Serra, inimigo dos trabalhadores, votou:
Serra negou seu voto pela garantia do salário mínimo real

Pra que salário mínimo real, não é mesmo?, ideal para nossa direita seria arrochar ainda mais os baixos salários dos trabalhadores brasileiros, até mesmo o salário mínimo;

Serra negou seu voto pelo abono de férias de 1/3 do salário

Para a direita brasileira, férias já são quase um... abuso, imagine-se ainda pagar 1/3 do salário por elas;

Serra negou seu voto para garantir 30 dias de aviso prévio

Afinal, FHC se vangloriava que “a era Vargas acabou”, ele achava o máximo o mínimo de carteiras de trabalho assinadas, contava vantagem de ter diminuído drasticamente o número de carteiras de trabalho assinadas nos seus governos (1994-2002), isto é, apresentava como “modernidade” direitos trabalhistas atirados ao lixo.

Serra negou seu voto pelo aviso prévio proporcional

Bom mesmo para Serra seria logo acabar com o aviso prévio;

Serra votou contra mais garantias ao trabalhador de estabilidade no emprego

Pra que estabilidade no emprego? Bom mesmo para os tucanos, e seus aliados preferenciais (o DEM e a mídia conservadora), é seguir as receitas do FMI, todo o dinheiro do país para banqueiros, nada de investimento em produção, país parado, desenvolvimento zero, daí seu ódio ao PAC e sua tentativa de paralisá-lo. Se o emprego para Serra e sua turma já é um luxo, estabilidade no emprego para eles só pode ser supérflua.

Serra votou contra a redução da jornada de trabalho para 40 horas

Para a direita representada por Serra, aí já se trata de muito abuso, o que para eles a negrada, isto é, o povo brasileiro, precisa, é trabalhar mais e ganhar menos; afinal, para eles, salário não passa de “privilégio”;

Serra negou seu voto pelo direito de greve

Ei, o que é isso, direito de greve?!, na Constituição? Para a direita, bom mesmo era como a ditadura tratava as greves, a polícia política se encarregava dos grevistas (os DOPS e DEOPS de triste memória), grevistas eram “vagabundos e subversivos” na visão policial e patronal;

Então Serra desde muito tempo já é contra esse elementar direito democrático, o direito de greve, isso talvez explique a forma ditatorial e repressiva como tratou grevistas em São Paulo;

Serra negou seu voto pela estabilidade do dirigente sindical

Pra que sindicato, sindicato pra quê?, é o mantra da direita brasileira; sindicato bom pra ela é sindicato inexistente;

Serra votou contra a implantação de Comissão de Fábrica nas indústrias

Aí também é demais, né não?, operários se reunindo no local de trabalho, é demais; para a direita trabalhador tem só que trabalhar, não discutir nada e sempre agradecer ao patrão.

Esse é Serra, o candidato que cinicamente se apresenta como “do bem”: ué, não tem gente que defende a escravidão até hoje? E diz com a maior sem-cerimônia que foi “o melhor deputado da Constituinte”. Melhor pra quem, cara pálida? Não para os trabalhadores, de quem foi inimigo. Numa escala de zero a dez, o Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), entidade fidedigna e conceituada, atribuiu nota 3,75 a Serra.

Tire suas conclusões e vote com consciência em 31 de outubro.