Dispenso apresentação;
Eu não sou nada!
No meio de tantos que se acham tanta coisa.
Não canto palmeiras nem jangadas.
Desafinado ainda procuro a oitava nota.
Escritor pequeno - de insignificante literatura.
Saio caçando leitor.
No singular.
E me divirto no meio das luzes de poucas velas.
Que o tempo vai apagando antes do tempo.
Vento cruel, apagador de vaidades.
Ao soprar nos becos os restos mortais dos Poetas e gênios da Cidade.
Ele me faz lembrar que sou planície.
O mar não tem elevações.
Só nos maremotos e tempestades.
No sossego ele é reto.
Liso e monótono.
Gosto das montanhas!
Foi assim que as pequenas serras se fizeram.
Para os meus olhos de criança.
O mar só muda de contorno.
Das suas praias.
Cada momento tem um azul diferente.
Um sertão de vários cinzas.
Um movimento sensual de nuvens.
Fazendo sexo no céu.
Hermafroditas e promíscuas.
Num lugar onde só morassem ciganos, políticos, chefes de igreja e donos de jornais ninguém sobreviveria. Pois não haveria ninguém pra ser enganado ...
... A memória é o olho do recluso. A janela do trem imóvel. Só ela passa. Só ela corre. Tudo se mostra no palco da memória. Ela inventa cores. Imita sons. Desenha personagens num incansável palimpsesto. Apaga e faz de novo. Por ar no nariz, claro na retina, sangue no coração. Memória não é lembrança. Lembrar é domínio do acaso. Sem controle. Lembrar tem a ver com afeto ou interesse. Memória, não. A memória é um prêmio e um castigo.
NAS MELHORES LIVRARIAS
Esse escritor tá com cara de mafioso. Só a cara. Abraço, bode.
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