SÓ GOZO COM QUEM DÁ

segunda-feira, 24 de maio de 2010

CRIME AMBIENTAL

Obra e planejamento.

Por François Silvestre

Não se pode negar a importância dessa obra de adutoras para o abastecimento de água potável onde a escassez é secular. Não se nega. Porém, só o transporte da água não resolve o problema. Ou cria outros problemas.

Vejamos o caso da adutora do Alto Oeste. A barragem de Santa Cruz, no Apodi, será a fonte fornecedora de água para várias cidades. Beneficiando um número considerável da população. Tudo bem. E a pergunta: A água transportada será de boa qualidade? Hoje é. E amanhã? À montante do reservatório há um grande número de pequenas e médias cidades que não possuem nenhum sistema de tratamento sanitário. Todas elas jogando lixo e merda no leito do rio Mossoró/Apodi, que abastece a barragem. Os seiscentos milhões de metros cúbicos da sua capacidade hídrica não serão suficientes para a diluição dessa sujeira toda, principalmente após a vazão das adutoras e programas de irrigação. Acentuado-se o agravamento do problema no ano de inverno escasso. As únicas cidades que estão promovendo obras de tratamento sanitário são Viçosa e Riacho da Cruz. Exatamente as duas menores.

O rio principal da bacia passa na área urbana de Pau dos Ferros, a maior cidade da tromba. Ele é o esgoto natural da cidade. Ou se inicia urgentemente um processo de tratamento sanitário a partir de Pau dos Ferros, em todo o caminho do Rio Apodi, ou o sistema de adutora do Alto Oeste será num futuro próximo o condutor moléstias em vez de ser o semeador das águas.

Daí porque só a obra das adutoras não é suficiente. Posso tranquilamente afirmar que ela fará muito mais mal à população, sem a prevenção sanitária, do que deixar o atropelo da escassez d’água com se encontra.

A nojeira disso tudo é que o poder só pensa nas eleições. A adutora com seus grossos canos, margeando as estradas, é uma coletora de votos. A visibilidade produz propaganda sem necessidade de outros custos. O saneamento não tem visibilidade. O eleitor, também culpado e responsável por essa prática, não se dá o respeito de informar-se do que não vê. E vai feito boiada tocada pelos tambores da enganação, muitas vezes ou quase sempre se vendendo por favores que são financiados pelo seu próprio dinheiro, ou seja, a grana pública. Que de tão “pública” é distribuída para azeitar eleições e desfibrar um povo ainda em formação; pré-povo.

Saneamento é vacina genérica, que não precisa furar o braço nem amargurar a língua. Ainda está em tempo. Mas não sobra tempo. Ou se faz isso, como obra agregada, no programa completo, ou se transfere para o amanhã, quase hoje, um problemão bem mais vistoso do que cada cano da adutora. E aí talvez não haja mais tempo.

Se não houve planejamento para a prevenção e a manutenção da qualidade potável da água, urge fazê-lo.

Pior do que a sede é a água temperada com lixo e fezes. Té mais.
 
NOTA DO BLOG: Enquanto Viçosa e Riacho da Cruz executam o correto, entregando água limpa e sadia ao sistema; recebem água contaminada de Martins.

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