SÓ GOZO COM QUEM DÁ

domingo, 8 de maio de 2011

CARESTIA É INFLAÇÃO?

François Silvestre
Se não, tudo bem. O Governo promete cuidar e eu acredito. Mas se carestia for inflação, faz tempo que ela disparou de planalto abaixo e ninguém segura a fera.

Basta comparar os preços dos últimos cinco anos. Tá muito? Dos últimos três anos. Ainda tá muito? Pois dos últimos dois anos.

Comparemos. Quanto custava um bujão de gás há dois anos? E o pão francês? E a cerveja? E o feijão? E o milho? E o óleo de soja?

Ano passado, por essa época, o saco de milho, aqui no sertão, custava entre 25 e 32 reais. Hoje custa de 48 a 55 reais. No mesmo período. Fim do inverno. Se a safra for boa, oscila pra baixo. Nunca para chegar perto do preço passado. Há um limite que não permite voltar ao preço antigo. Nunca. Mas pode passar do limite na subida, se a safra for fraca. Isso é carestia. Não é inflação?

Você vai com cem reais ao o mercado e compra trinta quilos de alimentos. Amanhã, com os mesmo cem reais, compra vinte e nove quilos. É carestia. Não é inflação?

Qual a diferença real, sem retórica do economês, entre a queda do valor de compra e o desgaste monetário da moeda? “A diferença está nos índices de medição inflacionária”. Ora, no açougue ou na bomba de gasolina essa conversa de “índice medidor” sai pela tripa cagaiteira.

Os produtos importados ganham competição. Onde? Nos grandes centros. Aqui, continuam os mesmos importados do Paraguai. Ou uísque de Igapó, dos velhos tempos de Carrapicho.

Já foi dito que a Escócia não faz tanto uísque. Nem há tanto leite disponível para fazer queijo de manteiga só de leite e manteiga. O danado é que a batata do queijo já tá ficando tão cara quanto a coalhada pura. Tem gente pensando em produzir jerimum branco. Antes que o jerimum dispare. Isso é carestia. Não é inflação?

Quanto custava há seis meses o litro de gasolina? Quanto é hoje? No país que se declara autossuficiente em petróleo. O pré-sal elegeu Dilma. E o pós sal? Quem vai medir a pressão arterial da mentira?

Quanto custava há seis meses o litro de álcool? Quanto custa hoje? No país que possui a maior quantidade de terra agricultável para a cana-de-açúcar. E antes do pré-sal o Presidente da República saiu pelo mundo vendendo a necessidade de implantar um consumo universal do biocombustível. Era inesgotável, não poluente e sustentável.

Depois do pré-sal, o combustível vegetal perdeu o sentido e a defesa. Foram viagens e palavras jogadas aos ares.

Num país de vocação rodoviária, marítima e aeroviária, toda mercadoria circula às custas dos combustíveis do petróleo ou da cana. Então é no frete que o transportador vai compensar o abastecimento. E antes de chegar ao consumidor final, há um leque de acréscimos de preços. Isso é carestia. Não é inflação?

Se for, é. Se não, violão! Té mais.

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