É simplesmente triste o fim de um homem que diz que passou a vida inteira se preparando para ser presidente da República. Jovem progressista, militante de Ação Popular (AP) – organização de esquerda que lutou contra a ditadura e o terrorismo de Estado, chegou à presidência da gloriosa União Nacional dos Estudantes, sendo perseguido pela ditadura militar, tendo de se exilar no Chile para não ser preso. Ao retornar ao Brasil depois da Anistia de agosto de 1979, integrou-se aos movimentos pela redemocratização, tendo sido eleito deputado federal constituinte e depois senador da República.
Este homem é o tucano José Serra, ou simplesmente o “Zé”, que renegou o seu passado, assumiu o neoliberalismo, casou com a direita mais reacionária e jogou toda a sua história na lata do lixo. Por isso mesmo foi derrotado em 2002 pelo ex-metalúrgico Luiz Inácio Lula da Silva, seu ex-companheiro na luta pela redemocratização do País. Agora, mais uma vez, é o candidato da oposição conservadora de direita (PSDB, DEMO, PPS, GAFE) à Presidência e será mais uma vez fragorosamente derrotado, desta vez por Dilma Rousseff (PT), uma mulher que nunca trocou de lado para satisfazer o seu ego obsessivo.
De democrata progressista, o “Zé” passou a direitista empedernido, representando o que há de mais atrasado no País. Essa mudança começou durante a Assembléia Nacional Constituinte (1987-1988), quando se juntou à direita (Centrão) para votar contra os interesses dos trabalhadores, do povo brasileiro e da soberania nacional.
Aliado ao Centrão, votou contra a jornada de trabalho de 40 horas e contra o aumento real do salário mínimo. Não votou a favor do abono de férias de 1/3 do salário, dos 30 dias de aviso prévio, pela estabilidade sindical, pelo direito de greve, pela licença paternidade e pela nacionalização das riquezas minerais. No primeiro turno da Constituinte recebeu nota 2,5 do Diap – Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar.
Como governador de São Paulo, reprimiu com extrema violência os professores estaduais que reivindicavam melhores salários e jogou a tropa de choque contra a manifestação dos policiais civis que reivindicavam aumento salarial, o menor salário do Brasil na categoria, e arrochou o salário de todos os servidores públicos daquele estado.
Agora, na iminência de mais uma fragorosa derrota, tenta ganhar no tapetão e apela para o golpismo. Em reunião a portas fechadas, no Clube da Aeronáutica, insinuou novo golpe de Estado ao afirmar que o que motivou a quartelada de 1º de abril de 1964 era fichinha diante do que está acontecendo agora no Brasil. Aos militares da Aeronáutica, o “Zé” enfatizou que “o presidente Lula quer transformar o Brasil numa República Sindicalista”, a mesma cantilena apregoada pela canalha da UDN, tendo à frente Carlos Lacerda, de triste memória.
A exemplo dos udenistas do passado, o “Zé” tentou ganhar a eleição no tapetão. Não podendo mais contar com o apoio dos militares para dar o golpe de Estado, o “Zé” buscou na Justiça Eleitoral a cassação do registro da candidatura de Dilma Rousseff, não obtendo êxito. Por isso foi bater na porta do Clube da Aeronáutica.
Nem mesmo com o total e irrestrito apoio do GAFE (Globo, Abril, Folha e Estadão), núcleo central da grande mídia conservadora, venal e golpista, o candidato das forças do atraso conseguiu reverter o quadro por demais desfavorável para ele. Não adianta o GAFE fabricar um factóide diariamente, pois o eleitor brasileiro já está bastante maduro para perceber a má fé que hoje caracteriza este que é o maior partido de oposição de direita. Os colonistas e demais jornalistas e radialistas amestrados de há muito perderam o pouco de credibilidade que tinham. Esses “formadores de opinião” são uma espécie extinta.
Sua situação é insustentável, dado que até mesmo as principais lideranças dos partidos que formam a sua coligação o escondem das suas campanhas eleitorais. Não se vê um único cartaz de candidatos majoritários e proporcionais aliados com o seu nome. Ninguém pede voto para ele com medo do eleitor o rejeitar. Isto do Oiapoque ao Chuí.
O José Serra perdeu a sua identidade. Agora é o “Zé” Desespero, pois está apelando para tudo para fugir do naufrágio; é o “Zé” Caluniador, já que calunia desavergonhadamente quem não está com ele; é o “Zé” oportunista, dado que utiliza do oportunismo para ludibriar os incautos; é o “Zé” Baixaria, porquanto tem baixado o nível da campanha muito mais que o Collor de Mello na campanha de 1989; é o “Zé” Mentira, pois foge da verdade como o diabo foge da cruz; enfim, é o “Zé” Traíra por criminalizar os movimentos sociais, defender os interesses das carcomidas elites brasileiras contra os trabalhadores, e, pior, defender os interesses do imperialismo estadunidense na América Latina e em especial no Brasil.
Triste fim! O “Zé” Traíra pirou de vez e jogou definitivamente o seu currículo na latrina. A exemplo de Felinto Müller, de Carlos Lacerda, dos generais golpistas, do Coisa Ruim (FHC), do juiz Lalau e de muitos outros crápulas, vai entrar pra a história pela lata do lixo.
Messias Pontes / Vermelho
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