SÓ GOZO COM QUEM DÁ

terça-feira, 15 de março de 2011

Revolução: Mito e Sangue.


François Silvestre

Ao visitar Cuba, no auge do prestígio da Revolução Cubana, Jean-Paul Sartre ironizou o Brasil. Respondendo a um jornalista sobre quando visitaria nosso país, o filósofo respondeu: “Visitarei o Brasil quando vocês fizerem uma Revolução”.
A visita nunca aconteceu. Até porque sua passagem por Recife não foi uma visita, mas um acidente intestinal de Simone de Beauvoir que obrigou o desembarque para tratamento da escritora.
O Brasil realmente nunca fez Revolução. Todos os levantes ou golpes políticos e militares, no Brasil, são equivocadamente chamados de revoluções. Tudo falso. Até Hélio Silva, o maior e mais completo historiador da República, comete esse equívoco.
Nunca promovemos ruptura estrutural de natureza política, social ou econômica, que mereça tal denominação. Nunca aprofundamos o íntimo do nosso caráter coletivo de forma revolucionária. E não foi por bondade ou natureza cordial. Nesses levantes ou golpes o sangue sempre correu franco. Nunca tivemos medo da brutalidade. Nem pudor para prover o fratricídio. O que nos faltou e ainda falta é instrução política e coragem coletiva para promover Revolução. Nós somos valentes no varejo e covardes no atacado.
Não temos uma República, mas resultado de repúblicas fragmentadas. Que vão desde os conluios militares, golpes de Estado, autoritarismo e populismo.
Mas é verdade que se precisa fazer uma avaliação crítica do papel das Revoluções na história da humanidade. Será que as Revoluções realmente acrescentaram dignidade social e política aos povos que as promoveram? Talvez só a Revolução Industrial tenha sido de fato imprescindível. No restante, teria sido mais útil um processo evolutivo.
Vejamos alguns exemplos: A Revolução Francesa, no que deu? Em Napoleão e numa monarquia renascida e pior do que a anterior. Sem falar na sangria de um continente inteiro com reflexo nos outros continentes. Com a vinda para o Brasil de D. João, trazendo pardais e palmeiras imperiais. Duas pragas. E raspando o tacho da Colônia.
A Revolução Russa deu no stalinismo e nas ditaduras corruptas do Leste europeu. E desaguou na Rússia atual, estuário de máfias e miséria.
A Revolução Chinesa fez uma Revolução Cultural que promoveu um genocídio fraticida. E gerou a atual China, pirataria de comércio global e Capitalismo de Estado.
A Revolução Cubana virou uma ditadura personalista e ineficiente. Com ressalvas à pesquisa médica. Mas a saúde individual não pode matar a saúde da liberdade coletiva.
As revoluções islâmicas nascem maculadas pelo fanatismo e estupidez da deformação religiosa. O desafio é combater a exploração evoluindo. Evolução tem o condão de transformar e permanecer. Té mais.

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