SÓ GOZO COM QUEM DÁ

terça-feira, 20 de setembro de 2011

A FALSA FORÇA DO PODER


François Silvestre.

O poder é a justificação filosófica da existência dos partidos políticos. Para alcançá-lo eles existem e se justificam. De todos os tipos. Se é partido, quer dizer que é parte de um todo. Mas o poder já conseguiu inventar o partido único. Isto é, a parte que é maior do que o todo. 
De programa partidário, o mais famoso de todos é Manifesto do Partido Comunista de Marx e Engels. Uma espécie de bíblia ideológica que confrontou a bíblia doutrinária dos cristãos. Para as ditaduras latino-americanas todos os adversários do regime eram comunistas. Seguidores de Marx e Engels. Mesmo os mais honestos crentes da fé cristã, como Helder Câmara, Casaldáliga ou Evaristo Arns. Só a ditadura era cristã.  
A ideologia tem a ver com programa político, ideário de proposições e organização programática do poder. A doutrina tem a ver com princípios morais, ideário ético e postulação de hábitos pessoais e sociais sem necessidade de controlar o poder. Mesmo influindo sobre ele.
Na ideologia, pode haver postulados de doutrina. O marxismo é uma ideologia recheada de princípios doutrinários. Na doutrina, não há ideário ideológico. O cristianismo é uma doutrina. Pelo menos na teoria; na prática, as igrejas estão cada vez mais parecidas com partidos, apenas trocando o poder político pelo poder econômico. 
Toda essa formulação filosófica sobre partidos, desde as teorias clássicas da sociologia política, até as conceituações da Escola de Frankfurt, cai por terra quando observamos a formatação do “ideário” partidário no Brasil. Pus a palavra entre aspas por respeito à sua semântica.
De Jean-Paul Sartre a lição genial de que as superestruturas do Direito e da Moral não determinam a natureza da ordem econômica, antes são dela decorrentes. Mas exercem sobre a infraestrutura uma ação de retorno tão marcante, que muitas vezes pode-se julgar uma sociedade pelos critérios morais e jurídicos que ela estabeleceu. Desse ensinamento, basta olhar a sociedade política do Brasil. E o resultado dos seus critérios morais e jurídicos. 
O poder apequena as grandes pessoas e engrandece as pessoas pequenas. Sua força é diretamente proporcional à sua vulnerabilidade. 
Se o poder é exercido pela força bruta, o poderoso se mantém pelo medo. Só será alcançado pela história. Mas nada sofrerá no seu próprio tempo. 
Se o poder é exercido pela liderança natural, ação de retorno entre governo e governados, o governante será alcançado pela inveja contemporânea. E quando a história chegar, ele não estará presente para o desfrute da colheita. 
Dilema cíclico e monótono que agasalha a espécie humana, cada dia mais brilhante em tecnologia e mais fosca em humanidade. Té mais.

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